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Dasein convida: Ruy Dantas

Como deixei de ser um robô

 

Por Ruy Dantas*

A melhor coisa que ocorreu nesta quarentena é que agora posso programar melhor meus horários. Antes da pandemia, muitas vezes não podia dormir porque os voos do Nordeste para qualquer lugar do País são os piores. Em várias ocasiões, chegava de Brasília em casa à meia-noite e embarcava para São Paulo às 7h da manhã do mesmo dia. Depois de muitos anos fazendo isso, sem que você se dê conta, seu cérebro vive no automático.

Depois do dia 19 de março de 2020, deixei de viajar por conta da pandemia e, a primeira coisa que eu e minha esposa, Alessandra, fizemos foi mudar completamente nosso estilo de vida. Ela me convenceu a ir para a cama pelas 22h e acordar todos os dias no mesmo horário, entre 6h30 e 7h da manhã.

Homem de negócios com camisa azul e óculos de aro preto.

Ruy Dantas, presidente do Sin Group, fala sobre mudança de hábitos na pandemia.

Gostei tanto dessa experiência de mudança de hábitos, que quando o mundo voltar ao normal, só vou querer encontrar, ficar perto e investir meu tempo em pessoas que realmente queira. É uma alteração de rumo crucial de um tipo de vida aberta para uma vida mais fechada. Eu e minha esposa fizemos televisão durante muitos anos. Isso nos levou a essa vida aberta por um bom período de tempo. Aprendemos muito, mas percebi que não temos mais energia para manter essa agenda social tão intensa para sempre. Descobri o gosto de ficar só com os de casa. Assim como na escola, a gente entra, aprende algo e depois tem de sair para usufruir daquele aprendizado.

O resultado disso é uma mente intuitivamente criativa. Voltei a escrever com prazer e numa relativa facilidade. A vida intensa me levava à exaustão, e isso afetava gradualmente minha qualidade de vida. Hoje, treino 6 dias por semana e, pela primeira vez, tive paciência para seguir uma dieta básica.

Vida simples

Daqui pra frente quero tudo mais simples e previsível. Quero me concentrar para executar minhas tarefas nos horários em que eu rendo mais. Graças a isso, tenho sido capaz de atravessar essa pandemia difícil com um estilo de vida muito melhor do que eu tinha antes. Entendi que preciso estabelecer prioridades para não perder o foco e desfrutar do momento presente.

Já percebi que não vou agradar todo mundo, mas, com a serenidade que encontrei nos últimos meses, vou concentrando minhas energias para dar o melhor para meu time e clientes. Quando vejo fotos minhas do passado, fica nítido que meu ritmo não me fazia bem. Eu era magro, tinha o olhar cansado e estava com 10 quilos a menos que o normal para meus 1,69 m. Eu não comia o suficiente para construir os músculos necessários, meus braços eram finos demais, minhas pernas eram frágeis como as de pássaros.

Descobri o gosto de ficar só com os de casa. Assim como na escola, a gente entra, aprende algo e depois tem de sair para usufruir daquele aprendizado.

Lembro das noitadas nas filas dos aeroportos em que eu não conseguia ficar em pé, justamente pela falta de estrutura muscular, falta de alimentação e noites mal dormidas.

Desenvolvimento mental e físico

Hoje, com 10 quilos a mais, taxa de massa de gordura de 19,56% e índice de massa corporal de 26,5% me considero outra pessoa, o que me deixa realmente feliz. Quanto mais me aproximo dos 50 (completei 48 no último dia 31 de janeiro), mais percebo melhorias no meu corpo e principalmente na minha mente.

Quero sair da pandemia com todos os parafusos apertados, um a um.

*Ruy Dantas  é um empresário brasileiro do ramo da comunicação. Jornalista e publicitário, desde 2006 preside o Sin Group, que reúne as empresas Sin Comunicação, Ima Gestão de Imagem, Jabuticaba Digital Ideas e Keek Inteligence e emprega cerca de 100 funcionários em João Pessoa, Maceió e Brasília.

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