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Crônica: Bicicletas e Mundos

Quem já viveu a experiência sabe que o relato de uma cicloviagem desperta fascínio e surpresa. Se uns veem a prática com admiração, outros acham que falta um parafuso na cabeça daqueles que cruzam fronteiras pedalando, sem onde e quando parar. Lembro-me da indagação de um tio, ao me receber num feriado em Cabo Frio: “não era mais fácil o mineiro vir para a praia de carro?”

Agora papai, a ideia de uma cicloviagem em família, levando na bagagem o pequeno Vitor, não foi recebida com menor sobressalto. Mas por que não conjugar brincar com pedalar e viajar?

Obviamente, um cicloviajante de três anos requer maior cuidado, trajetos diários menos longos e montanhosos, já que “o excesso de bagagem”, com toda a tralha, beira os quarenta quilos. Se os Andes não eram a bola da vez, as ciclovias da Holanda e Bélgica conciliavam as características ideais para o pedal: planas, seguras e com marcante cultura da bicicleta.

Partimos de Amsterdã, capital da Holanda, com destino a Bruges, cidade medieval belga. Pelo conforto do super-herói, providenciamos, além da cadeirinha na garupa, um trailer à traseira da bike, útil nas sonecas e frio.

É interessante como o mundo, na perspectiva do olhar da criança, é uma brincadeira. Numa magia lúdica, o toque da imaginação do Midas mirim fez da minha bicicleta o carro do Batman, do atalho num bosque uma caça ao lobo mau e dos muitos restaurantes, parques de diversão. O calor do pequeno tupiniquim coloria e enfeitiçava. A cada partida, mimos, abraços e suspiros.

Longe de casa, sentimos certa “mineirice” no povo da região, distinto de outros da Europa no quesito afeto. Em meio a paisagens bucólicas, fluxos de aves migratórias e moinhos, foram os acenos e sorrisos as paisagens que mais nos tocaram. Tato que não se vê no retrato.

Na máxima de “parar quando der vontade”, o acaso conspirou a favor da criança. Em Alphen Aan Den Rijn, um zoo de pássaros anexo ao hotel; em Lekkerkerk, hospedamos numa tradicional fazendinha holandesa e, na Antuérpia, a manhã foi entre tubarões e arraias no belo aquário da cidade.

A busca, em outros tempos, por remotos topos de montanhas, agora era para o espaço que melhor harmonizaria com um piquenique de morangos. Frescos e suculentos. Corações na palma da mão.

E desviando da pressa, o jovem super-herói imergiu conosco numa toada senhora, sem hora de parar ou partir. Quatrocentos e dez quilômetros em oito dias de travessia. E travessuras.

“Não sei bem o que é o mundo
Mamãe diz que é uma bola,
Papai, que roda
Saí para brincar de mundo
De bola
E de roda
Roda de bicicleta
Pé de girassol
Que gira, pedala
Torna-me concha de caracol”.

Por: Renato Perim – Advogado, sócio da Perim e Frizon Advogados

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