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Ensinamentos do cinema para a carreira executiva

Um bate-papo com Rafael Ciccarini

 

“Aposte incondicionalmente na pulsão, naquilo que te soar verdadeiro e fizer sentido como propósito de vida.”

 

Doutor em Artes e Cinema, mestre em Artes Visuais e graduado em História pela UFMG. Foi coordenador de cursos e professor de disciplinas da área, curador de festivais e gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado. Com esse currículo, não há outra forma de dizer: Rafael Ciccarini respira e vive profundamente o cinema. “O cinema está umbilicalmente ligado a quem eu sou. Moldou a minha forma de ver e de interagir com o mundo”, relata o atual reitor dos Centros Universitários UNA e UniBH.

Rafael Ciccarini – Doutor em Artes e Cinema pela UFMG e Reitor dos Centros Universitários UNA e UniBH
Fotografia: Divulgação UniBH

Para Ciccarini, o cinema é uma forma de expressão privilegiada para a compreensão da realidade justamente por, tendo sido criado no século XX, carregar as contradições próprias do período. “Se você se permitir aprender com os filmes, verá uma maneira de entender que o mundo é ambivalente, ambíguo, que as verdades são relativas, mas que ao mesmo tempo é preciso tomar posição e decisão. Esse paradoxo o cinema traz de maneira muito forte.”

Eu faço cinema ou o cinema é quem me faz?

Como em qualquer área do setor cultural brasileiro, a escolha por uma carreira no cinema gera o dilema de investir em uma paixão que pode não render retornos econômicos estáveis. “Nenhum pai sonha que o filho seja músico ou escritor”, brinca Ciccarini.

Ainda assim, um dos aprendizados mais potentes de sua trajetória foi entender que toda decisão profissional, desde que tomada com intensidade, amor e afinco, pode se tornar a fonte de sustento econômico e de significado. “Aposte incondicionalmente na pulsão, naquilo que te soar verdadeiro e fizer sentido como propósito de vida.”

A complexidade da cadeia artística

Quando se fala na formação em cinema, de imediato se considera duas pontas da carreira: a produção e a crítica. Esse olhar comum perde de vista o quão ampla pode ser essa atuação, que contempla elementos como distribuição, exibição, curadoria e docência.

Cada elo da cadeia produtiva do cinema exige habilidades como gestão de pessoas, liderança e motivação de equipe, presentes em qualquer atividade econômica.

A produção cultural brasileira tradicionalmente tem forte ligação com as leis de incentivo. Ou seja, a capacidade de articulação e negociação com os agentes públicos é essencial para viabilização de projetos em um ambiente antagônico à produção cultural, como é a realidade nacional.

Desvendando universos e possibilidades

De acordo com Ciccarini, a arte cinematográfica ultrapassa a condição de mero meio em que se contam histórias. “O cinema foi para mim um veículo a partir do qual eu cravei contato profundo com o mundo, com outras áreas do conhecimento como história, filosofia e sociologia. Mas também por onde eu pude me entender como um profissional polivalente, multidimensional.”

Destaca ainda uma qualidade essencial a todo profissional que se propõe a explorar o setor artístico: o dinamismo para empreender. “Aquele que teve que se inventar e reinventar dentro de uma área artística do Brasil necessariamente se forma um empreendedor”, argumenta.

Para o reitor, a realidade desmistifica taxativamente o encontro de arte e gestão como o choque de duas forças antagônicas, como o glamoroso e criativo contra o petrificado e estereotipado. “Nenhuma das duas coisas é verdade. Todos os dois mundos são feitos por pessoas com desejos, sonhos, utopias, limitações”.

Narrativas e imprevisibilidade

Ponto central em boa parte das expressões artísticas, a narrativa é também peça fundamental na materialização de ideias e projetos. Para o reitor, todo cenário de interesses díspares e recursos limitados, em que a tomada de decisão pressupõe uma alternativa contrapondo outra, envolve uma guerra de narrativas. Mais que um exercício retórico, trata-se da capacidade de demonstrar sentido em suas convicções para mobilizar pessoas em torno de um objetivo.

Como um setor produtivo de alta complexidade, é natural que o cinema leve a caminhos que surpreendem seus próprios criadores. “Se você perguntasse para o jovem que ingressa na crítica do cinema ou na produção cinematográfica se ele gostaria de ser um gestor de uma empresa de capital aberto, ele provavelmente iria dizer ‘não’.”

Contudo, quando se mergulha profundamente em um oceano tão vasto, é essencial questionar a si mesmo e ao mundo o tempo todo. “Esse é um aprendizado que tive e terei com o cinema e todas as outras artes.”

 

 

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