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Negócios sociais: ideias com causa

Eu nasci neta de um baiano e uma mineira do interior. Filha de um pernambucano e uma mineira da capital. E nossa casa trazia (e ainda traz) muito dessa mistura: um entra e sai de gente, a mesa cheia, as falas misturadas, o calor da divisão. E vivemos assim, tendo novas ideias, unindo pensamentos, construindo sonhos que, aprendemos, não podem ser só nossos, mas de todos.

Foi na nossa casa “pernambaiamineira”, sempre embalada por muitos ritmos e danças, que aprendi sobre o frevo e a ciranda. O frevo é lindo, mas é uma dança que se dança só. A música toca e os foliões, cada um por si, encantam o mundo com seus passos criativos, cheios de acrobacias individuais. A ciranda é diferente. Para dança-la, é preciso formar uma roda, unir as mãos para, juntos, dançarmos num mesmo ritmo, uma mesma canção.

A lógica do empreendedorismo social é a mesma da ciranda. Não se pode entrar sozinho na dança. É um movimento coletivo capaz de gerar valor compartilhado e benefício social. Empreender socialmente é mais que uma nova forma de inovar, mas uma oportunidade de mudar, de desenvolver a nossa sociedade garantindo ainda a sustentabilidade.

E não é que também podemos ganhar e distribuir renda por meio do empreendedorismo social? O indiano Muhamad Yunus, Prêmio Nobel da Paz (2006) é o precursor dessa nova ideia de fazer um “negócio com causa” que tem transformado a vida de sua comunidade e, ao longo da última década, de pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Foi Yunus que fundou o Grameen Bank e outras 50 empresas em Bangladesh que têm, em sua maioria, a ideia dos negócios sociais ou, para mim, uma empresa que tem uma “alma” social num “corpo” de negócios. Nesse contexto, as cidades aparecem como espaços privilegiados para as mudanças sociais desejadas e, sobretudo, da justiça social, equidade e sustentabilidade.

Nesse movimento contemporâneo de crescimento e impulso das mudanças sociais no país, há clamores nas principais capitais pela reestruturação dos seus espaços urbanos, a partir de uma dinâmica de ressignificação dos ambientes já existentes como praças e ruas, em uma proposta de transformação desses locais a partir de valores baseados na cooperação e coprodução de quem convive no seu entorno.

Embora entendendo que a cidade não é um espaço marcado pelo consenso, artistas, arquitetos, jornalistas, planejadores urbanos e outros profissionais de todo o Brasil têm criado manifestos a partir de suas inquietações em relação ao uso e à ocupação desses espaços urbanos nas cidades, que para eles, deveriam ser locais onde se pudesse propiciar o debate, o encontro e, sobretudo, a aprendizagem social e a inovação social ou coletiva. Assim, vários grupos brasileiros têm feito desde manifestos a intervenções, chamando a atenção sobre a importância de se melhor utilizar os diferentes recursos e atributos presentes no espaço urbano e vivenciar a cidade em suas distintas perspectivas e manifestações sociais, culturais, econômicas, políticas e ambientais.

É nesse novo cenário, marcado por um recente espaço de iniciativas que levam às modernas propostas de economia, nas quais se incluem maneiras de se usufruir e viver nas cidades, que vemos a difusão de outro tipo de negócio: o chamado negócio social. Podemos encontrar novas maneiras de pensar, agir e empreender, resgatando valores como coletividade, ressignificação de espaços urbanos e, porque não, novas formas de fazer negócio.

Então, se você é daquelas pessoas que deseja transformar a sociedade e seus problemas, que acredita em modelos de negócios?? não tradicionais com capacidade de geração de valor compartilhado e benefício social, está convidado a conhecer mais e, porque não, entrar nessa roda e aprender a dançar ciranda.

*Por Maria Flávia Bastos – professora, escritora e palestrante. Especialista em Marketing e Comunicação, trabalha principalmente com os temas: comunicação, inovação, gestão e empreendedorismo social.

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