Empenhados na busca incessante das melhores possibilidades para estimular os nossos clientes a resolverem os problemas diários e a se prepararem para os desafios futuros, participamos, mais uma vez, do Elevate – encontro global promovido pela AESC e que reúne em Nova York as mais importantes consultorias e institutos de pesquisas voltados a executivos e lideranças.
Entre diversos estudos, debates e conversas com profissionais do mundo inteiro sobre diversidade no mercado, rumos da economia, impactos a curto e longo prazo, dois assuntos me chamaram bastante atenção: a importância de identificarmos um propósito na nossa vida profissional – tema estreitamente ligado ao estilo de liderança transformacional – e a importância da automação para o futuro do trabalho.
Começo pela liderança transformacional, tema apresentado pelo carismático Kevin Cashman, fundador da LeaderSource, um dos três principais programas de desenvolvimento de liderança global. Ele compartilhou resultados de dez anos de pesquisa em liderança e destacou um ponto muito importante: como elevar a gestão transacional – que enfatiza a velocidade imediata e informação – para um tipo de liderança transformacional, aquela que faz o profissional se conectar à pessoa e perceber significado em seu trabalho, passando a agir com um tipo de inovação duradoura.
Mas seria, afinal, a diferença entre liderança transacional e transformacional? Primeiro é importante entender que ambas são relevantes para as empresas, mas têm foco e resultados diferentes. Por exemplo, o “líder transacional” se baseia na autoridade, na recompensa e troca. É a liderança que leva o funcionário a fazer o que precisa ser feito. É um tipo de liderança que precisa estar presente nas organizações, porque é a base do fazer acontecer e está alicerçada nos controles. Precisa existir em todos os estágios do ciclo de vida das organizações. Palavras como conteúdo, velocidade, controle e informação, estão presentes nesse estilo de liderança.
Já o líder transformacional é capaz de mudar o comportamento de um funcionário a partir de uma visão do líder, da inspiração de ideais, do estímulo intelectual e da consideração individualizada (cada pessoa possui necessidades individuais exclusivas). Este líder motiva as pessoas, impelindo-as a agirem além de suas capacidades, transformando-as e alcançando os resultados organizacionais. As palavras que mais se destacam nessa liderança são: contexto, significado, colaboração e insights.
Nesse sentido ele trouxe como uma grande questão transformacional: aumentar o nosso desempenho se transformou em nosso propósito ou é o nosso propósito que nos conduz a elevar o nosso desempenho para atingirmos o máximo da nossa capacidade? Reflexão importante para um mundo tão confuso e dramático como o atual, não concordam?
Outro tema extremamente relevante abordou o futuro do trabalho, ou melhor, como a automação vai interferir nas tarefas que desempenhamos. O assunto foi conduzido por Michael Chui, sócio do Mckinsey Global Institute, profissional à frente das principais pesquisas sobre o impacto das tecnologias nos negócios, na economia e na sociedade.
Historicamente nós convivemos com a substituição de algumas profissões e áreas de trabalho, o que deve ser considerado natural. E a automação para melhoria da produtividade já é uma realidade, mas ela não vai extinguir os empregos muitos têm receio. Segundo o estudioso, menos de 5% das atividades humanas podem ser totalmente automatizadas. Ele ressalta que é mais adequado analisar o impacto da automação na realização de determinadas atividades ao invés de ocupações inteiras, já que cada ocupação inclui vários tipos de atividades ou tarefas e cada uma com diferentes requisitos para a automação.
Mas é importante entender que 60% das ocupações têm ao menos 30% de atividades que podem ser feitas por máquinas. Desse modo, Michael Chui destacou que cerca de metade das atividades hoje realizadas por humanos será automatizada até 2055. Isso equivale a 16 trilhões de dólares em salários. A previsão, portanto, é que vai existir uma alteração nas profissões em vez de uma extinção generalizada dos empregos.
Reforço que os efeitos da automação não ficarão restritos ao chão de fábrica. De acordo com o pesquisador, tarefas realizadas por CEOs como análises de relatórios e dados para tomada de decisões, podem passar a ser feitas por algoritmos. Ele destacou que praticamente ¼ do trabalho realizado hoje por lideranças poderá ser automatizado.
O Brasil seguirá a tendência global, de acordo com os estudos. As estimativas mostram que o potencial de automação no país seja de 50%, o que afetará 53 milhões de empregados e mais de 20 milhões de postos de trabalho. Os setores industrial e varejista são os que têm o maior número de processos que poderão ser modificados pelo uso de softwares ou máquinas inteligentes.
Outro ponto relevante mostrado pela pesquisa é a necessidade de investir em educação que foque em automação. Com isso os jovens poderão ganhar competências nas áreas que vão gerar emprego no futuro, como é o caso da programação e da robótica.
Acredito que a automação pode permitir às empresas aumentar seu desempenho reduzindo erros e melhorando a qualidade, a velocidade e a produtividade – a expectativa é que a produtividade global cresça entre 0,8 a 1,4% ao ano. Em alguns casos, os resultados alcançados irão além das capacidades humanas. Isso daria um impulso necessário ao crescimento econômico e à prosperidade. Contribuiria também para compensar os impactos gerados pela diminuição da população em idade ativa em muitos países. A automação, a robótica e a inteligência artificial abrem, na verdade, um mundo de oportunidades.
É importante destacar ainda a visão de grandes consultores executivos presentes no evento, como a espanhola Krista Valochik e o francês Albert Hirriabondo, respectivamente, presidente e vice-presidente da TGCL – The Global Community for Leaders, da qual a Dasein faz parte. Eles sublinharam o alto valor dessa rede, formada por 14 consultorias independentes que atuam em dez países na Europa, Ásia e Américas. São serviços abrangentes e profissionais atentos à importância da diversidade cultural para o melhor desenvolvimento das lideranças e de serviços como board advisoring, sucessão e carreira, assessment, entre outros.
Confesso que é difícil resumir em alguns parágrafos toda a experiência que vivenciei no Elevate 2017. Foi uma troca de conhecimentos muito enriquecedora e que fortaleceu um raciocínio que consideramos extremamente importante na Dasein: somente pessoas que têm uma história de transformação pessoal são capazes de contribuir para que outras também tenham esse tipo de experiência transformadora. Somos estimulados a buscar o melhor em nossa forma individual. Não é a busca somente pelo novo, pelo diferente, pelo que está em “voga”. Mas é uma busca madura, de atitudes e ferramentas que seguramente nos diferenciam no Brasil como pessoas, profissionais humanos e consultores que apoiam empresas e times a serem melhores em todos os sentidos.
*Por: Adriana Prates – presidente da Dasein