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Dasein convida: Izabella Camargo

Por que devemos ter equipamentos de proteção para a saúde mental

*Por Izabella Camargo

 

Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Ministério da Previdência Social, Justiça do Trabalho… Será que todas essas instituições estão erradas quando reforçam a importância da saúde mental no ambiente de trabalho?

Será que estão mentindo quando revelam o impacto da falta de cuidados no crescente índice de afastamento dos trabalhadores? Será que o Centro de Pesquisa de Política Econômica da União Europeia se equivoca quando demonstra que pessoas com diagnóstico de burnout podem sofrer danos graves e duradouros em sua carreira — e as mulheres são três vezes mais suscetíveis a essas consequências? Ou que as repercussões do esgotamento estendem-se à família, reduzindo o rendimento do cônjuge e até mesmo o desempenho escolar dos filhos?

Será que a Constituição Federal de 1988, que garante o direito à saúde mental a todo cidadão, está obsoleta? E o que dizer das perdas de quase 400 bilhões de reais por ano no Brasil devido a desafios psíquicos e emocionais, de acordo com pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais?

Dados e constatações não faltam para nos alertar que a educação em saúde mental é uma demanda urgente para enfrentar um fenômeno concreto, doloroso e caro para toda a população. Mesmo assim, onde estão os EPIs da saúde mental? Sim, equipamentos de proteção individual!

Izabella Camargo é jornalista, apresentadora, palestrante e promotora de saúde e bem-estar no trabalho.

Para evitar riscos físicos, trabalhadores dispõem de capacete, bota, luva, protetor auricular etc. Inclusive há campanhas para o uso deles nas fábricas e multa para quem descumpre as regras. Mas e os riscos psicológicos? Mesmo sentada, sem me expor a perigos visíveis, posso adoecer se negligenciar sinais sobre meus limites cognitivos e emocionais. Como ainda tem gente que prefere ignorar os fatos e continuar pensando como no século passado, cansei! Cansei de ficar de braços cruzados diante de tanto conhecimento acumulado. Cansei de ouvir as mesmas desculpas preguiçosas sobre tabus e preconceitos em torno do tema.

Por isso — e por todas as pessoas que já foram questionadas e julgadas por suas dores invisíveis e diagnósticos não respeitados —, lancei em maio de 2024 o primeiro manifesto mundial em prol da criação dos EPIs da saúde mental. A partir dele, vou jogar mais luz nas ideias e projetos que já estão funcionando, nos aprendizados que podem ser compartilhados e adaptados entre as empresas. Vou organizar dados e encontros buscando fazer e mudar a história.

Mas o que seria um EPI da saúde mental? É o letramento da liderança em segurança psicológica, é a prevenção de qualquer tipo de assédio, é o direito à desconexão, é a flexibilidade de tempo e local de trabalho, é o acesso a sessões de terapia, é a possibilidade de realizar uma jornada de autoconhecimento ou turismo interno, como chamo o processo de atualização de identidade.

Não adianta reclamar de ambiente tóxico se tenho comportamentos tóxicos. É preciso desenvolver autorresponsabilidade — por você e pelos outros. Saúde mental é um direito, não um privilégio. É hora de escolher se continuaremos perdendo tempo negando o inegável ou estaremos à altura dos novos desafios.

*Izabella Camargo é jornalista, apresentadora, palestrante e promotora de saúde, bem-estar no trabalho e longevidade. Depois de seu apagão ao vivo na TV Globo, a maior emissora de televisão do Brasil, tornou-se uma das pesquisadoras da síndrome de burnout mais respeitada do país.

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