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Carreira executiva: Malu Nachreiner

“Assumimos um compromisso global e público de termos 50% de mulheres em todos os cargos de liderança até 2030.”

 

Criada em uma família essencialmente matriarcal, liderada pela mãe, avó e bisavó, Malu Nachreiner aprendeu, desde cedo, que ser mulher não a impediria de alcançar o que quisesse. Sempre guiada por essa mensagem poderosa, ela percorreu, de degrau em degrau, uma trajetória admirável: de estagiária, alcançou o posto de CEO da Bayer no Brasil e líder da divisão agrícola da companhia. Ciente da importância da representatividade, ela defende o crescimento de mulheres nos cargos de liderança para servir como modelo e inspiração.

O número de mulheres em cargos de liderança vem crescendo, inclusive em posições C-level. Segundo o Insper, no Brasil, a presença feminina no alto escalão saltou de 13% para 17% entre 2019 e 2022. Apesar dos avanços, ainda existem muitos obstáculos à liderança feminina. Como podemos mudar esse cenário?

Malu Nachreiner é CEO da Bayer no Brasil.

Quando falamos de diversidade, equidade e inclusão, a oportunidade é essencial. Para as empresas comprometidas com essa causa, não basta apenas defender a inclusão, é preciso de intencionalidade para pensar em formas efetivas de criar oportunidades.

Apesar dos claros avanços que tivemos nos últimos anos, ainda vemos diferentes níveis de maturidade nas empresas nesse tema e muita oportunidade de evolução. É necessário assumir compromissos públicos e investir em iniciativas que promovam de modo consistente a igualdade de oportunidades desde o início da carreira, com programas de mentoria e desenvolvimento de liderança voltados especificamente para mulheres. Outro ponto fundamental é a criação de políticas e práticas que garantam uma cultura inclusiva e livre de preconceitos, onde as mulheres se sintam valorizadas e capacitadas para avançar em suas carreiras.

Na Bayer, por exemplo, assumimos um compromisso global e público de termos 50% de mulheres em todos os cargos de baixa, média e alta liderança até 2030. Estamos comprometidos em garantir que as mulheres tenham igualdade de oportunidades e sejam capacitadas para ocupar posições de liderança. Estabelecemos metas e métricas claras para aumentar a representação das mulheres em cargos de liderança e definimos políticas de contratação e promoção que incentivam a diversidade. Como resultado, hoje temos 39% dos cargos de liderança da Bayer ocupados por mulheres e seguimos em constante evolução.

De estagiária do setor de Engenharia Agrônoma à primeira mulher na presidência da Bayer Brasil: você é um exemplo para as profissionais e estudantes que buscam crescer na carreira e alcançar o posto de líderes. Quais foram os principais desafios e aprendizados desta jornada, tendo em vista, ainda, que o setor do agro é um ambiente tradicionalmente comandado por homens?

Fui uma das primeiras pessoas da minha família a ingressar na faculdade. Saí de casa aos 19 anos para estudar em Piracicaba e, no último ano do curso, fui contratada como estagiária, quando iniciei minha carreira, ainda na Monsanto. Um desafio que me marcou foi me mudar sozinha para Santo Ângelo, pequena cidade do Rio Grande do Sul, onde comecei a atuar como representante de vendas, na área comercial.

Não foi um início de carreira muito usual por dois motivos – primeiro porque era uma mulher muito jovem e, segundo, porque faculdades como a USP não têm o hábito de treinar estudantes para vendas, e sim para a academia.

Lembro que me deparei com um ambiente acolhedor, mas bastante masculino, o que pode ser um pouco intimidador. Isso me fez perceber claramente a importância da representatividade  – de ter mulheres atuando ao nosso lado e, principalmente, nos cargos de liderança para servir como modelo e inspiração. Um aprendizado significativo desse início de carreira, que me acompanhou também em outros momentos ao longo dos anos, é que humildade para pedir ajuda e a entrega de resultados de maneira consistente, abrem portas e reduzem eventuais barreiras, independente da questão de gênero.

Em linha com a pergunta anterior, apesar do agro ser majoritariamente masculino, mais de 30% das propriedades rurais brasileiras são lideradas, hoje, por mulheres. Pensando em seus quase 20 anos de experiência no setor, como você enxerga esse avanço, desde quando começou, em 2014, até os dias de hoje? Nesse período, quais foram as principais iniciativas da Bayer em termos de responsabilidade social, inclusão e diversidade?

Felizmente, hoje as mulheres estão bem mais presentes na agropecuária brasileira. É uma evolução muito significativa, mas é claro que ainda há muito para crescer e a necessidade de um esforço de toda a indústria para contribuir com essa evolução.

Como Bayer, temos uma missão coletiva de promover, internamente e externamente, um ambiente agro mais diverso e inclusivo. Em 2020, criamos o Conexão Mulheres no Agro, programa que investe em inúmeras ações de capacitação, liderança, gestão e eventos para ampliar a presença feminina. Só no ano passado, aproximadamente 8 mil mulheres foram impactadas por meio de 85 ações realizadas pelo programa.

Uma das ações que estão dentro dessa iniciativa é o Prêmio Mulheres do Agro, idealizado em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) para valorizar mulheres que se destacam na gestão de pequenas, médias e grandes propriedades agrícolas. Desde sua criação, em 2018, a premiação recebeu inscrições de mais de 900 produtoras e já reconheceu o protagonismo de 45 mulheres agropecuaristas ao redor de todo país.

Você é uma grande referência de liderança não só para o Brasil, mas para o mundo. No seu caso, existem pessoas que te inspiraram e te inspiram até hoje (sejam personalidades ou pessoas do seu convívio pessoal)? Por que elas te inspiram?

Vim de uma família essencialmente matriarcal. Eram quatro gerações em uma única casa: eu, minha mãe (que foi mãe solo), minha avó e minha bisavó. Isso foi extremamente importante, pois elas sempre reforçaram a importância de as mulheres trabalharem e serem independentes. Foi esse ambiente que me moldou desde pequena, e essas mulheres foram e são minha grande inspiração até hoje.

A grande vantagem de ser criada em uma família de muitas mulheres foi não ter a mensagem de que eu não conseguiria algo apenas pelo fato de ser mulher. Eu tenho um irmão e sempre fomos tratados da mesma forma. Acreditar que não existiriam barreiras em função de ser homem ou mulher foi algo que veio comigo, então atuar em uma área predominantemente masculina nunca foi um obstáculo.

De líder para líder: como você investe hoje em seu desenvolvimento? Seja como liderança e em aspectos de bem-estar, saúde física e mental?

Comecei minha carreira como estagiária em 2003 e, desde então, tenho participado de diversos cursos de aperfeiçoamento, sendo um dos mais recentes um MBA pela Universidade de Pittsburgh.

Na Bayer, participei recentemente da chamada Mentoria Reversa, programa criado para promover interação e aprendizado entre profissionais de diferentes gerações. A proposta desta mentoria é que os mentores sejam de gerações mais novas, enquanto os mentorados possuam um perfil profissional mais sênior. Foi uma experiência enriquecedora, já que acredito que sempre temos algo a aprender. As gerações mais novas, por exemplo, já cresceram na era digital e possuem certas facilidades de aprendizado.

Já no meu tempo livre gosto de ler livros, assistir a séries e aproveitar ao máximo meu marido e meus filhos, Lina e João.

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