Rotas possíveis para liderar na incerteza
No afã de solucionar problemas, costumamos mirar o novo. Queremos criar, buscamos respostas inéditas, quando a saída, muitas vezes, está no que já foi vivido. Na era da disrupção, isso pode até soar estranho, mas podemos aprender e muito com a nossa história. Cada vez que o passado é revisitado, ele ensina de um jeito diferente. Ao olhar para tantas experiências pessoais e sociais, repensamos o presente e projetamos mudanças para o futuro. E isso vale para toda e qualquer adversidade que possa nos assolar, como a atual “crise de incertezas.”
Esta tem sido a alcunha dada ao conjunto de fatores globais que desafia empresas e lideranças. Marcada por grandes tensões, como os conflitos envolvendo potências econômicas, crises climáticas e políticas, está resultando em aperto monetário, altas taxas de juros, demissões em massa e fechamento de negócios nos mais diversos setores.
Para os executivos e negócios impactados pela crise, a CEO da Dasein, Adriana Prates, destaca a importância de resgatar comportamentos aprendidos nas últimas emergências mundiais: resiliência e agilidade. É a partir de uma mente equilibrada e ponderada que é possível ter clareza para identificar oportunidades em meio ao perigo. Já a agilidade é essencial para assumir o protagonismo da situação e resolver os problemas, além de otimizar o que for necessário. E, não menos importante, é saber se comunicar de forma transparente e inspiradora para manter a confiança das equipes.
Segurança emocional
Outro ensinamento herdado das últimas crises globais e que ainda se faz necessário, é o cuidado que a liderança deve ter com a própria saúde mental e de sua equipe. Nos últimos anos, houve um crescimento de 38% nos afastamentos por transtornos mentais e emocionais, segundo o Ministério da Previdência Social, e diante das perspectivas de incertezas, esses cuidados mostram-se ainda mais valiosos.
Para o membro do conselho da Dasein, Luiz Gonzaga Leal, um ambiente de trabalho emocionalmente seguro passa pelo senso de parceria. “O líder deve ter uma atitude de parceria, deve atuar em prol dos liderados. Nesse sentido, há um tripé tão simples quanto desafiador, mas necessário: devemos construir um ambiente de confiança, de respeito e de admiração dos liderados.”
Quanto à confiança, Leal cita o artigo “3 Elements of Trust”, da Harvard Business Review, que identifica a eficácia de atitudes como a capacidade de criar relacionamentos positivos com outras pessoas e grupos; o entendimento de aspectos técnicos do trabalho para se antecipar aos problemas e o bom senso para tomar decisões, tendo consciência de que os outros buscam a sua opinião; e, por último, falar e fazer o que se diz. “As pessoas classificam um líder como altamente confiante quando dá bons exemplos, honra compromissos, cumpre promessas e está disposto a ir além do que precisa ser feito.”
Já o respeito, indica consideração, atenção, deferência, estima pelo que o outro é e pela sua existência. A admiração, por sua vez, é um estado de encantamento, surpresa ou afeto diante de algo. “É preciso criar um ambiente de abertura e apoio como uma prática usual, o que envolve mostrar claramente a estratégia e os objetivos empresariais, o papel do liderado e a importância dele para o resultado da empresa.”
Outro ponto que merece ser repensado nas empresas é a relação entre casa e trabalho. “O lado pessoal está no mesmo nível de importância do lado profissional, eles são inseparáveis e complementares. O líder tem que observar e promover a saúde e o bem-estar físico e emocional envolvendo essa relação e isso começa com a escuta ativa.”
Comunicação e acolhimento
Adriana Prates corrobora dessa visão e reforça o investimento em uma comunicação aberta, onde a empatia e a escuta façam parte. Para estimular ambientes de trabalho mais humanizados e saudáveis, as lideranças devem priorizar a comunicação, incentivar uma cultura de apoio mútuo, entre líderes e liderados, mas também entre colegas. Quando há demonstração de interesse e respeito pela história de cada um, seus objetivos e sonhos, a empatia está acontecendo, o que favorece um ambiente mais inclusivo e acolhedor, onde as pessoas podem ser em sua essência. Tudo isso sem abrir mão de investimentos em programas de saúde mental, como treinamentos e outros recursos de apoio emocional focando também na prevenção.
Empatia digital
Mesmo com o trabalho remoto em declínio em todo o mundo, o termo “vaga para home office” foi o mais procurado na categoria vaga entre os brasileiros, segundo a lista de principais perguntas de 2023 divulgada pelo Google. Isso inclui talentos com poder de barganha e influência sobre seus pares – o que tem levado as empresas a não abrirem mão dos modelos híbridos, ainda em alta.
Este cenário justifica uma habilidade que segue firme em 2024: a empatia digital, considerada a capacidade de se conectar, compreender e orientar equipes mesmo sem os encontros presenciais. Para o diretor da Dasein, Daniel Rezende, estimular uma cultura de comunidade, de colaboração, encorajando a participação de todos, com brainstorming e feedbacks abertos é uma maneira eficaz de humanizar, mesmo a distância. “Além de fortalecer o senso de equipe, isso ajuda a superar desafios de inovação. Por meio de ferramentas de comunicação digital e plataformas colaborativas, a liderança consegue criar uma conexão entre os membros da equipe, facilitando as trocas e o trabalho em conjunto.”
Em modelos híbridos, Rezende sublinha a necessidade de os líderes capacitarem suas equipes para que sejam mais autônomas, para terem controle sobre o trabalho ou na tomada de decisões. “É uma forma de empoderar, de aumentar a motivação das pessoas e reduzir o estresse. Outro ponto importante é o reconhecimento e a valorização, criando um ambiente onde a admiração e a gratidão são expressos.”
Cautela na gestão com a inteligência artificial
É inegável os avanços da inteligência artificial (IA) e, embora ela otimize muitos processos, Daniel Rezende destaca que é importante ter cautela, sobretudo em sua utilização para contratação pelo RH. “Tal como acontece com qualquer tecnologia, existem algumas preocupações que não podem ser ignoradas. Quando considerada para uso no processo de contratação, a IA perde nuances importantes que vêm do elemento humano. A tecnologia funciona com base em algoritmos e, por isso, existe a possibilidade de grupos inteiros de candidatos serem desconsiderados nos filtros que ela cria. Neste caso, um resultado baseado em algoritmos poderia neutralizar o crescimento e a promoção dos esforços de diversidade, equidade e inclusão de uma empresa.”
Além disso, as lideranças devem pesar os riscos significativos de segurança que a IA pode representar. Ao utilizar essa tecnologia, os gestores de contratação que trabalham com dados pessoais devem estar cientes de que algumas ferramentas utilizam quaisquer dados inseridos para treinar o sistema. Isso pode aumentar o risco de violações de privacidade e vazamento de informações confidenciais da própria empresa.
“Outro aspecto que precisa ser considerado com muita atenção e que os profissionais de RH precisam estar cientes é a forma como a IA pode ser usada pelos candidatos para manipular currículos e conjuntos de habilidades para melhor se posicionarem para as qualificações listadas para uma determinada posição. Por exemplo, um candidato pode usar IA para determinar as melhores palavras ou termos-chave a serem usadas ao se candidatar a uma posição específica e ser aprovado no processo de triagem. Tudo isso mostra o quão desafiador é realizar um processo de contratação sem a participação do elemento humano.”
Quais as perspectivas dos líderes para 2024?
Pesquisa do Data-Makers e CDN, com 216 CEOs e C-Levels, mostra que os líderes enxergam em 2024 um ano de mudanças na vida profissional e pessoal. Cerca de 60% citou “atuação como conselheiro” como uma oportunidade, além de considerarem “melhorar a saúde física” (51%) e “conquistar estabilidade financeira/ aumento de patrimônio” (43%). “Realização no cargo atual” (32%) aparece na frente de “mudança de empresa” (21%), o que, segundo a pesquisa, revela a busca por estabilidade.
De acordo com Adriana Prates, para levar adiante o objetivo de atuar no conselho, é necessário, além das competências técnicas, muita experiência, bagagem profissional e um grau de confiança inquestionável. “Indico sempre a realização de cursos específicos para a formação em conselhos, especialização em temas como governança, sustentabilidade, aspectos legais e éticos são vitais. Além disso, é recomendável buscar conhecimentos aprofundados em estratégia de longo prazo, permitindo uma visão abrangente e proativa em relação aos desafios e oportunidades do mercado.”
Em relação ao comportamental, é preciso investir em pensamento sistêmico, habilidade para manejar a gestão da complexidade, comunicação eficaz e persuasiva. Ademais, a construção de uma sólida rede de contatos no mercado e compreender bem suas dinâmicas é crucial.
No que diz respeito à melhoria da saúde física, ter em mente que o próprio exemplo é o melhor incentivo para equipes pode ser um avanço em termos práticos. Como agentes de mudança, as lideranças demonstram, com a própria experiência, os ganhos de investir em bem-estar e de colocar na rotina ações como atividades físicas, a alimentação equilibrada, o descanso e cuidados com a saúde mental.
Quanto à conquista de estabilidade financeira e aumento de patrimônio, os líderes devem focar não apenas na gestão pessoal de finanças, mas também em estratégias de investimento e planejamento financeiro a longo prazo. A participação em programas de educação financeira e a consulta a especialistas nessa área podem ser passos importantes para alcançar esse objetivo.
O papel da mentoria
Não basta ser o protagonista em momentos turbulentos. É esperado das lideranças a geração de resultados sustentáveis, condutas inspiradoras, que sejam o exemplo. Como mentor de executivos da equipe Dasein, com larga experiência no comando de grandes empresas, Luiz Gonzaga Leal tem contribuído para que as lideranças reajam da melhor forma às adversidades e tantas pressões.
“Na mentoria reconhecemos cada líder como único em sua individualidade, questões, desafios e diferentes capacidades de responder às pressões. Mergulhamos na realidade de cada um, entendendo seu papel, as entregas esperadas, as dificuldades que enfrenta. Mas de modo geral, as demandas mais frequentes giram em torno de organizar as atividades elegendo bem as prioridades, eliminando atividades desnecessárias, delegando adequadamente para que tenham mais tempo de dedicar às pessoas e à estratégia.”
Leal conta que é muito comum o líder ter dificuldade de retirar o foco do operacional e encontrar tempo para o estratégico. Para isso é necessário organização no sentido mais amplo da palavra, começando a ter consciência daquilo que é de sua alçada, que ele deve gerenciar, e aquilo que está fora do seu controle, evitando ansiedade desnecessária. É importante começar por uma agenda bem organizada, definindo e sendo rigoroso nos ritos de gestão, como reuniões de resultados, de acompanhamento, de discussão dos planos de trabalho, de celebração de resultados e outros. E para cumprir a agenda é recomendável uma tecnologia de acompanhamento. “Pode parecer simples, mas sempre que eu registro um compromisso na agenda eu libero um compromisso e preocupação do meu cérebro.”
Por um lado, o bom gestor não espera as coisas acontecerem “ao sabor das ondas” e intervém nos acontecimentos para que eles tomem a direção correta dos objetivos empresariais. Por outro lado, ele deve evitar “sofrimento por antecedência” ou por questões fora do seu alcance, o que contamina negativamente a equipe. Não deve se antecipar às conclusões e deve evitar o pânico.
Outra dica é buscar um mindset positivo no grupo, evitando queixas e desabafos públicos que não geram valor, buscando palavras de estímulo e dando o exemplo. O líder deve trocar ideias com pessoas confiáveis do seu networking buscando e oferecendo contribuições. Boas conversas geram bons insights e podem até mostrar que você não está sozinho.
Não menos importante é investir em uma vida equilibrada, nos aspectos da saúde física, mental e financeira, como ter tempo e energia para fazer atividades físicas, para se relacionar com a família e amigos. Aqueles que são pais de crianças precisam ter uma programação de buscá-los na escola e ajudar no “para casa”, com alguma frequência.
Também incentivamos o desenvolvimento contínuo, por meio de leituras, cursos, seminários, busca constante de feedback de superiores, pares e liderados.
Comportamentos em alta
Ao longo de quase 30 anos de experiência e mais de 10 anos como jurada o Prêmio Executivo de Valor, a Dasein está conectada a empresas e lideranças que são referência. Pensando nas principais necessidades do mercado, destacamos os comportamentos que tendem a ser ainda mais valorizados em 2024.
Comunicação. Saiba como articular ideias, adaptar mensagens de acordo com o público e ouvir ativamente.
Visão inspiradora. Além de ter uma visão clara do futuro, é preciso saber comunicá-la de forma envolvente para motivar e criar senso de propósito.
Inteligência emocional. Ter consciência das próprias emoções e das emoções dos outros, demonstrando empatia e habilidades de gerenciamento de conflitos.
Adaptabilidade. Em um mundo em constante mudança, os líderes precisam ser resilientes, ágeis e adaptáveis para guiar suas equipes inspirando confiança.
Desenvolvimento. Valorizar as habilidades e perspectivas de cada indivíduo, promovendo a colaboração e o crescimento pessoal por meio do desenvolvimento.
Integridade. Agir de forma ética, com transparência, é uma forma de gerar confiança dos outros por meio de seu comportamento consistente e confiável.
Dizer e fazer. Demonstrar, em ações práticas, os valores da empresa é a melhor forma de ser um modelo.
Como a Dasein tem apoiado empresas e líderes em seus desafios
Da identificação, ao desenvolvimento de lideranças, a Dasein, desenvolve, desde 1995, metodologias exclusivas para que empresas e pessoas possam exercer sua plena capacidade potencial. Como parte do grupo global EMA Partners e certificada internacionalmente pela AESC (The Association of Executive Search and Leadership Consultants), a empresa está conectada às principais tendências e às experiências dos melhores líderes. Confira, a seguir, como a Dasein pode apoiar a sua empresa.
Identificação dos melhores líderes. Com um repertório de quase três décadas em executive search, a Dasein reúne alta expertise na identificação e desenvolvimento de lideranças à frente dos melhores resultados.
Sucessão saudável. Contribuímos para que as empresas reconheçam e cultivem futuros líderes dentro de seus quadros de funcionários, fornecendo orientação e apoio personalizado para que estejam preparados para cargos de liderança de maior complexidade. Ao investir no desenvolvimento de talentos internos, as empresas criam uma cultura de sucessão saudável, garantindo uma transição eficaz.
Time de experts. Os nossos consultores especialistas têm amplo relacionamento e acesso a uma extensa rede de contatos e talentos de alto nível, permitindo-lhes alcançar candidatos qualificados que podem não estar disponíveis nos canais de recrutamento tradicionais.
Metodologias científicas e totalmente seguras. Aplicamos uma abordagem estruturada e cientificamente comprovada de avaliação e seleção. Nossos especialistas em executive search garantem um processo de recrutamento seguro, eficiente e objetivo, economizando tempo e recursos para as empresas. Escolher a abordagem correta e ter uma empresa dedicada e comprometida é uma garantia de qualidade e sucesso nas contratações de pessoas.