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Radar executive search Brasil: otimismo na adversidade

 

Em tempos remotos, cuja sobrevivência humana dependia da caça e coleta, qualquer descuido era fatal. Ao longo dos séculos as ameaças mudaram de intensidade, mas permaneceram em forma de guerras, doenças, crises econômicas ou mazelas sociais. Isso explica, segundo diversas pesquisas, a razão pela qual nosso cérebro é programado para se concentrar em riscos. É provável que explique também porque ser otimista é um grande desafio, mesmo no século 21.

E quando falamos “otimista” não queremos dizer utópico ou ingênuo. Pelo contrário. A ideia é enxergar possibilidades em qualquer tipo de realidade, inclusive nas mais desafiadoras, como é o momento do mundo hoje. Vamos ter todos que nos reinventar. Essa é uma das poucas verdades em tempos tão incertos. Quem conseguir enxergar isso de forma positiva, certamente garantirá mais qualidade à sua sobrevivência.

Para a CEO da Dasein Adriana Prates, mesmo que seja precoce fazer planos concretos neste momento de instabilidade, é importante desenhar cenários prováveis em relação ao seu mercado, carreira, finanças pessoais e possibilidades para garantir qualidade de vida. E, claro, não deixar o otimismo de lado. “Faça tudo que for possível para manter a saúde física e emocional estável, como praticar exercícios em casa, ter uma alimentação saudável, adotar novos e bons hábitos de leitura e entretenimento.”

Segundo Adriana Prates, mesmo em momentos de instabilidade é necessário planejar cenários prováveis.

Evitar o consumismo, cortando as despesas que forem viáveis, também é outra prática recomendada. “É necessário simplificar os hábitos e modos de vida para ter alguma reserva financeira se o pior acontecer. Tomar ciência do que é possível controlar, além de ter paciência com as variáveis que não são controláveis. Está com tempo livre? Consegue se voluntariar e impactar na vida de outra pessoa de forma positiva? Está aí um grandioso movimento palpável e possível. Pensar somente na própria realidade pode gerar exaustão”, diz.

Manter a cabeça no presente, evitando especulações futuras que não agreguem à sua vida pessoal e profissional, é outra atitude importante, como orienta o diretor da Dasein, Daniel Rezende. Para ele, o medo em si não é uma emoção ruim, o problema é o medo por antecipação, sem que haja uma exposição real ao risco. Se a pessoa está tomando todos os cuidados possíveis não há motivo para projetar situações ruins, pois isso gera ansiedade, sensação de bloqueio e impotência.

Para ajudar a diluir nossa tendência a focar nos problemas, um exercício de conscientização é necessário. De acordo com a consultora associada da Dasein, Luzete Campolina, os fatos têm sempre os aspectos negativos e positivos. “Toda moeda tem dois lados e conhecê-los para embasar nossas condutas é fundamental. Cabe a nós dar voz àquele lado que mais poderá nos auxiliar, dependendo do momento vivido. Se o objetivo hoje é o equilíbrio mental, é preciso dar voz ao lado positivo para focarmos no desenvolvimento das competências que poderão ser um diferencial neste momento de crise.”

Ela ressalta que estimular a positividade é algo sempre bem-vindo. É uma forma de fazer com que as pessoas se sintam cuidadas, lembradas, acolhidas. “Quando agimos assim não só contribuímos com as pessoas que estão à nossa volta, mas com nós mesmos. Alimentamos pensamentos positivos que influenciam os nossos sentimentos. Nos damos a oportunidade de sermos gratos pelo que temos e aceitarmos melhor o que não temos, considerando que provavelmente vamos precisar nos desapegar daquilo que não nos agrega valor neste momento.”

Aceitar, compreender e agir diante de sentimentos negativos: comportamento essencial entre lideranças e equipes
É natural sentir medo, ansiedade e tristeza diante de uma situação tão delicada como a pandemia da Covid-19. Mas, afinal, como as empresas e lideranças podem orientar seus colaboradores a aceitarem esses sentimentos de modo que não se entreguem a eles? O primeiro passo é compreender que essa situação gera uma crescente instabilidade de emoções e que é necessário acolher esses sentimentos e não evitá-los.

Daniel Rezende destaca que é importante manter a cabeça no presente e evitar especulações que não agreguem.

Diante disso, as empresas precisam abrir espaço para que os profissionais se expressem e possam ter acesso a tratamentos psicológicos ou psiquiátricos, destaca Adriana Prates. Ela orienta que as lideranças também devem passar por treinamentos focados no enfrentamento dessa situação e compreender que muitas metas previstas para 2020 não serão alcançadas. “Quando a liderança revê a meta e traz para a realidade, há a diminuição do sentimento de culpa. É importante ainda ser transparente para evitar um clima de tensão entre os colaboradores. Haverá demissões? Não haverá? O que já foi definido deverá estar na mesa.”

A dirigente ressalta a importância de criar uma nova rotina no home office, para se aproximar do time, contribuir para a disciplina e para a sanidade mental. “É uma forma de estimular o sentimento de pertencimento, de coletividade. Não dá para exigir a perfeição agora. É preciso ter empatia e flexibilidade. Saber ouvir. E aprender com os liderados. Quais as sugestões eles podem dar? Peça a eles para definir algumas das metas que dão conta de cumprir. Esse tipo de autonomia faz bem.”

Visando ações de médio e longo prazo por parte das empresas, Daniel Rezende chama atenção para o papel dos setores de recursos humanos e comunicação interna. São áreas que estão se tornando ainda mais importantes, sobretudo por estarem próximas às pessoas ofertando apoio e preparação para o enfrentamento dos novos desafios que estão por vir. “Mais do que nunca, as ações voltadas para o bem-estar dentro e fora do ambiente empresarial serão fundamentais para manter a performance das equipes, envolvendo líderes e liderados. Ao mesmo tempo em que deverá se envolver nas decisões estratégicas, o RH terá um papel de protagonismo entre as pessoas e operações, não só como um canal assistencial, mas como uma força geradora de resultados através das pessoas. Serão agentes na construção de confiança, algo construído por meio de diálogos e ações conjuntas.”

Segundo Luzete Campolina, a resolução de problemas neste novo cenário exige um modo sistêmico de pensar e agir, além de formas de governança, cada vez mais transversais e sofisticados. “É desafiador, mas possível”, garante. Uma prática que pode ser útil é o estudo de experiências colaborativas e análises bem fundamentadas, como é o caso apresentado pela McKinsey no artigo “Safeguarding our lives and our livelihoods: the imperative of our time”. Este material apresenta cenários que podem apoiar discussões e práticas entre lideranças e equipes.

“Acompanhar informações de fontes fidedignas, com o foco na solução e não apenas no problema, é de suma importância”, sublinha. “Mas este é apenas um dos passos a serem dados. Para o contexto futuro, outras competências precisarão ser colocadas em prática, tais como a criatividade, a resiliência, a colaboração, a disciplina, a negociação e a aprendizagem contínua que nos fará acompanhar os desdobramentos do dia a dia e adequar nossas ações a uma nova realidade”.

Para Luzete Campolina, estimular a positividade faz com que as pessoas se sintam acolhidas.

É preciso fazer sempre mais?

Criados como alternativa ao distanciamento social, conteúdos digitais de cunho profissional e pessoal são ofertados diariamente pelas redes sociais. Além disso, muitos internautas e influenciadores fazem questão de compartilhar sua nova rotina produtiva e como conseguem fazer sempre mais, mesmo em meio à pandemia. Em virtude desse excesso de conteúdo, é importante ficar atento em relação à linha tênue que existe entre consumir tal conteúdo para se inspirar e tentar produzir do mesmo modo, se comparando – o que pode levar a pessoa a se cobrar em excesso, gerando ansiedade, estresse ou até mesmo depressão.

Para evitar esse tipo de problema, é importante filtrar o que é fundamental para você nesse momento, indica Luzete Campolina. “Não queira saber de tudo, seja seletivo, principalmente considerando fontes fidedignas de informações que podem te acrescentar. E se você conseguir se unir a pessoas que tenham o mesmo propósito será melhor ainda, pois neste momento a colaboração fortalecerá mais os indivíduos, seja mentalmente, seja na criatividade e no enfrentamento das situações. Quando seguimos de tal forma, sem percebermos começamos a lidar melhor com a nova realidade, criando novos modelos mentais que nos auxiliam no controle do estresse, da ansiedade e da depressão.”

Já Daniel Rezende sugere que as pessoas considerem os diversos estímulos digitais como forma de dissipar a ansiedade, o tédio ou a tristeza. “Não vejo problema em ser produtivo, ou se manter produtivo. É uma forma de ajudar a criar um ambiente mais saudável, uma nova perspectiva para tirar algum proveito da crise e colocar a mente em coisas boas, seja um aprendizado, um momento de lazer e descontração. Contribui para ficarmos mais longe do pessimismo, da ansiedade e do medo.”

Positividade na prática: indicamos 4 atitudes que podem ser tomadas agora mesmo:

1-Seja mais humano

Se permita não ter todas as respostas neste momento, se abrindo para o novo e para as contribuições que virão.

2-Pratique a escuta ativa

Acolha as equipes, permita que falem sobre o momento e sejam positivos mesmo considerando a complexidade atual.

3-Aprecie o simples

Observar os pequenos gestos, o que está no seu entorno é valorizar a liberdade, as pessoas, a família.

4-Conheça sua equipe

Entenda o talento de cada um (o visionário, o estrategista, o executor, o direcionador etc). Na redefinição de planos e metas, será necessário utilizá-los em sua totalidade.

 

Matéria publicada na Dnews de julho de 2020 e revisada em janeiro de 2021. 

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