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Inspire-se com Erica Baldini

“Para criar um progresso sustentável de equidade de gênero é vital ter uma abordagem abrangente de gestão de mudança, transformação comportamental e cultural.”

Mulheres na liderança de grandes empresas, sobretudo em setores tradicionalmente ocupados por homens, ainda é uma exceção em boa parte do mundo. Por aqui, Erica Baldini, diretora de RH da Fiat Chrysler Automóveis (FCA) para a América Latina, vem fazendo a diferença por meio de ações práticas embasadas no propósito da inclusão. Conheça, a seguir, a trajetória e valores que guiam uma das mais importantes gestoras de pessoas do país.

A FCA foi a primeira empresa do setor automotivo no Brasil a fazer parte do Movimento Mulher 360, com o objetivo de fortalecer a equidade de gênero. Em termos práticos, quais são as ações da FCA para estimular não só a equidade de gênero, mas a diversidade como um todo? E quais são os principais benefícios que essas práticas geram aos colaboradores e ao negócio?

Acredito que se aliar a movimentos que visam o empoderamento econômico da mulher é fundamental para buscar a equidade de gênero dentro do setor automotivo, mas, o compromisso da FCA não parou aí. A plataforma de D&I (Diversidade e Inclusão) da FCA Latam foi construída, com a assessoria de Margareth Goldenberg especialista em diversidade e equidade de gênero, com base em dois pilares de sustentação: o público interno e a comunidade ao nosso entorno. Desde o lançamento de nosso posicionamento em novembro de 2019, as ações estão focadas na criação de uma cultura inclusiva e aumento da representatividade, entendendo a importância de: ampliar nossa capacidade de compreender, valorizar e incluir o diverso; aumentar a representatividade de mulheres, negros (as), LGBTQ+E, pessoas com deficiência em todos os níveis hierárquicos da empresa.

Essa transformação é feita através de muita comunicação, diálogos de sensibilização e treinamentos em D&I, principalmente sobre vieses inconscientes. Além de aumentar a compreensão desse tema na organização, também lançamos programas de mentoria de mulheres, aumentamos em 20% a representatividade de gênero nos planos de sucessão, anunciamos a primeira mulher Gerente de Fábrica, Juliana Coelho, lançamos o Programa de Estágio “Deixe sua Marca” atraindo estagiários de grupos minoritários, nosso processo de recrutamento e seleção ajustado para seleção a cegas, bem como os demais processos de RH sendo revisados com foco total na D&I.

A estratégia de D&I visa um ambiente de respeito e inclusão para todos nossos atuais e futuros colaboradores, estagiários, aprendizes e parceiros, onde todos se sintam acolhidos com liberdade de serem quem verdadeiramente são. O que gera engajamento e orgulho de pertencer à família FCA. Consequentemente isso trará a representatividade dos clientes para dentro da empresa, aumentado nossa capacidade de entendimento das diversas necessidades e de inovação, sendo muito mais assertivos no desenvolvendo de novos produtos, serviços e experiências.

Com mais de 20 anos de experiência em gestão de pessoas no setor automotivo – um ambiente tradicionalmente ocupado por homens – como você enxerga os avanços em termos de equidade nesse setor e quais são os principais desafios?

Percebo de verdade um avanço considerável, principalmente nos últimos 5 anos quando a indústria automobilística reconheceu que D&I está diretamente ligada a sustentabilidade do negócio e, do próprio setor. Mas, a jornada para se atingir a equidade de gênero, dentro e fora das organizações, ainda é longa. Por isso a importância de se ter um posicionamento claro sobre o tema e construir uma plataforma robusta de aceleração desse processo. Na minha visão, os principais desafios ainda são reconhecer que já há um aumento de engenheiras e profissionais de tecnologia disponíveis no mercado, que processos de recrutamento e seleção direcionados podem atrair candidatas qualificadas. E ainda ter programas internos para acelerar o desenvolvimento dessas profissionais que já estão em nossas organizações, intensificar a conscientização de líderes na desconstrução dos vieses inconscientes, garantindo paridade de oportunidades em cargos de liderança. Importante também desenvolver políticas salariais de benefícios que assegurem a igualdade em direitos sociais e econômicos, eliminando barreiras e vieses enfrentados pelo gênero feminino nas organizações relacionados ao desenvolvimento pleno de suas capacidades e da maternidade. É muito importante nos conscientizarmos que para criar um progresso sustentável de equidade de gênero, bem como D&I, é vital ter uma abordagem abrangente de gestão de mudança que englobe transformação comportamental, de processo e cultural.

A grave crise econômica pela qual estamos passando está obrigando diversos setores a rever metas, a se reinventar e a criar novas alternativas. O setor automotivo, por exemplo, é um dos grandes afetados. Segundo a Anfavea, em junho deste ano as vendas de automóveis no mercado interno despencaram 74,7% em relação a junho de 2019. Quais são as principais estratégias da FCA para driblar a crise?

Em um primeiro momento, nosso principal foco foi proteger nossas pessoas. Através de políticas e práticas existentes, seja em home office para o público administrativo, seja de férias coletivas para a operação. Após entender as medidas provisórias emitidas pelo governo e definir todos os protocolos de garantia de saúde e segurança a nossas pessoas, adotamos a redução de jornada no retorno das atividades operativas. Essas medidas foram de grande importância para mitigar o impacto da crise em nossa organização. Em paralelo houve também a revisão de lançamentos de novos produtos e serviços para melhor adequar a necessidade de investimentos. Ainda é um momento de equilibrar os custos, com um mindset de austeridade, mas também pensar na retomada e ações importantes para a sustentabilidade e o futuro do negócio.

Pensando nas mudanças de comportamento, consumo e serviços trazidos pela tecnologia, como a FCA está se adaptando a essa realidade e como a empresa enxerga seu futuro em um mundo cada vez mais digital?

A FCA vem trabalhando em parceria com nossas agências de Marketing, F.biz e Leo Burnett, e com Google no projeto que chamamos de Anthropos, onde através de análises da mudança do comportamento humano e de consumo identificamos novas oportunidades de negócio.
Há dois meses também iniciamos uma outra parceria com a Box 1824, como um dos patrocinadores da pesquisa sobre relações do trabalho. Com o grande objetivo de compreender e/ou validar hipóteses sobre novas demandas e desafios que irão moldar a forma de gestão de equipes e as relações de trabalho.

Essas duas importantes iniciativas irão adaptar nosso negócio, novos produtos e serviços, bem como o modelo de gestão. Pois a transformação digital tem na essência uma relação de colaboração e parceria, onde tanto o consumidor como o colaborador valorizam cada etapa de sua experiência no momento do consumo e da relação do trabalho.

Com isso grandes adaptações já foram feitas na estratégia de vendas das marcas Fiat e Jeep, acelerando ainda mais as vendas através de canais digitais, com tratamentos diferenciados dos leads transformando intenções de compras em vendas. Isso tem sido um diferencial, ajudando a FCA a enfrentar este momento de queda tão expressivas nas vendas devido a pandemia. E no RH através de um app chamado “Hands On” a relação digital com as demandas diárias do colaborador.

Com uma trajetória vitoriosa e hoje como diretora em uma das principais organizações globais, você é inspiração para muitos profissionais. Em sua história, quais foram suas principais inspirações?

Gostaria de iniciar citando a garra e determinação dos meus pais, que deixaram a família no interior de Campinas e foram em busca de melhores oportunidades para criar e educar suas filhas. Com eles aprendi desde muito cedo ter coragem e determinação, mas sempre com humildade, integridade e respeito ao próximo.

Ao longo de minha trajetória profissional tive mentores extraordinários, que sempre acreditaram na profissional que sou nunca deixando vieses de gênero atravessarem meu desenvolvimento. Gostaria de citar alguns como Mary Querido Nicolini, Luiz Carlos Teixeira, Ricardo Camargo, José María Villarreal e, atualmente, Linda Knoll um exemplo e inspiração diária. Todos profissionais incríveis que acreditaram em meu potencial antes de mim mesma, sempre trazendo novos desafios que contribuíram para meu desenvolvimento. E ao longo da minha vida fui inspirada por Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Irmã Dulce, eles falam sobre a essência do ser humano, como através de valores nobres transformamos nossa vida e fazemos a diferença na vida das pessoas ao nosso entorno.

Em relação a referências educacionais/intelectuais como você investe em seu desenvolvimento? Indicaria alguma obra ou cursos importantes para quem deseja assumir um posto de liderança?

Nesses últimos anos tenho me dedicado a acompanhar, por meio da leitura, seja livros, artigos e cases de sucesso de universidades e escolas de negócios como Harvard, Insead e Stanford. Além disso participo de um grupo de executivos de RH liderado pela FGV onde trocamos aprendizados e boas práticas. Ultimamente tenho participado de Webinars com CEOs e CHROs que me permitiram trocar e aprender muito neste momento de pandemia. E também em conversas com profissionais de referência que ao dividirem suas histórias de sucesso e/ou conhecimento geram insights importantes. Esses encontros são mensais nas reuniões do Comitê Diretivo da FCA. Já recebemos convidados como Gustavo Caetano, da Samba Tech; Eva Hirsh Pontes, Master Coach – Liderança Adaptativa; Guilherme Benchimol, da XP; Beatriz Garcia, expert em Ciências da Complexidade; Margareth Bastos, do MM360; entre outros.

Sempre recomendo a todo profissional ter um plano de carreira definido e um bom nível de autoconhecimento, seja qualificação e preparo de competências técnicas como de liderança. Com objetivos claros de carreira, buscar boas universidades ou escolas de negócios no tema que quer se desenvolver é fundamental. Para posições de liderança, o importante é começar a desenvolver a inteligência emocional o quanto antes, pois muitas vezes pode levar mais tempo, esforço e dedicação. Para acelerar esse processo, para os que eventualmente ainda não tenham iniciado, indico buscar ajuda de profissionais como mentores e coaches.

Livros que eu indico: “Liderança Tranquila / Quiet Leadership”, David Rock; “Atenção Plena / Mindfulness”, Mark Williams e Danny Penman; “Search Inside Yourself”, Chade-Meng Tan; “Nice Girls still Don’t get the corner office”, Lois P. Frankel; “Minha História / Becoming”, Michelle Obama; “Lugar de Fala”, Djamila Ribeiro; “Pense Simples”, Gustavo Caetano; “Execução / Execution”, Larry Bossidy e Ram Charan.

Compartilhe com os nossos leitores uma frase, pensamento ou ensinamento sempre presente em sua memória.

“You may live in the world as it is, but you can still work to create the world as it should be.” – Michelle Obama (Em tradução livre: “Você pode viver no mundo como ele é, mas pode trabalhar para criar o mundo como deveria ser.”)

Escolhi essa frase porque neste momento tenho sido muito influenciada pela trajetória da vida de Michelle Obama. Intensifiquei minha vontade de fazer a diferença na vida daquelxs que ainda enfrentam muitas barreiras e preconceitos para conquistar um lugar de respeito.

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