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A importância das pausas para a saúde mental

A importância das pausas para nossa saúde mental… e para nossa produtividade

 

*Por Renata Rivetti

 

“Ser workaholic está fora de moda.” Ouvi essa frase de uma estudante de engenharia em uma aula que ministrei. Parei para refletir: na minha época da faculdade adorávamos nos mostrar ocupados, sobrecarregados, trabalhando sem parar. Fiquei então feliz de ouvir que, em 2025, a busca desses jovens formandos não é mais viver para trabalhar. Porém, uma grande inquietação me ocorreu, pois esses jovens podem de fato não ter orgulho do workaholism, mas e o resto da população ativa? Será que deixamos mesmo de nos orgulharmos de sermos sobrecarregados? Ou seguimos premiando e valorizando aqueles que mais trabalham?

Os dados mostram a realidade e ela é dura: o Brasil lidera o ranking mundial de transtornos de ansiedade, com 9,3% da população afetada, a depressão também é prevalente, com 5,8% da população brasileira sofrendo com a doença e estima-se que 40% das pessoas economicamente ativas no país apresentem sintomas de burnout, embora nem todos os casos sejam oficialmente diagnosticados.

Renata Rivetti é especialista na ciência da felicidade, fundadora da Reconnect.

A grande realidade é que ainda vivemos em uma cultura hustle, agitada, em que tudo é prioridade e urgente e o presenteísmo vale mais do que entregas. Ainda temos uma liderança que valoriza o profissional que “dá o sangue”, pessoas que abrem mão da vida pessoal pela empresa e que saem de férias com culpa. Só que tem um grande paradoxo em tudo isso: o presenteísmo não quer dizer produtividade, qualidade ou resultados nas entregas. Em muitos casos é o oposto disso: a pessoa está sempre ocupada, mas com pouco foco no que realmente importa e exausto sem conseguir realmente entregar. É o que temos chamado de pseudoprodutividade, sempre ocupados, mas nem sempre entregando algo relevante.

Mas como podemos seguir com esta mentalidade obsoleta em pleno século XXI? A neurociência já nos mostrou que os hormônios de bem-estar ativam nosso centro de aprendizagem, nossa memória, nossa performance. Pessoas exaustas não são criativas, inovadoras e nem mantêm alto desempenho a longo prazo. Para entender melhor esse tema, a Microsoft realizou um estudo usando ressonância magnética funcional (MRI) para analisar o impacto de reuniões seguidas, sem pausas, no cérebro dos colaboradores. O resultado, de novo, parece contra-intuitivo, mas ele traz de forma clara os resultados: colaboradores sem pausas tinham o cérebro com altos níveis de estresse e fadiga acumulada, enquanto colaboradores com pausas de 10 minutos tinham uma redução nos níveis de estresse e o cérebro se mostrava mais calmo e focado.

Ou seja, a pausa, que pode parecer uma perda de tempo, na verdade é o que permite o cérebro a “reiniciar”, aumentando a produtividade, clareza mental e a capacidade de engajamento nas próximas reuniões. O fundador da Patagônia, loja de roupas esportivas, Yvon Chouinard, fala para seu time quando estão tentando resolver um problema: “saiam para surfar”. Ele entende que essa pausa, o descanso, um momento de bem-estar e prazer aumentam nossa cognição, atenção plena, produtividade e engajamento. Planejem desde micro pausas ao longo do dia, como momentos entre as atividades, até as macro pausas, como as férias. Precisamos trocar a culpa pela compreensão de que as pausas e descanso são essenciais para nossa saúde mental e bem-estar, mas também para melhorar nosso desempenho no trabalho.

Estamos chegando ao nosso limite. A verdade é que por muito tempo enxergamos o trabalho como um fardo. Adam Smith, importante filósofo e economista, falava que para o trabalhador, o trabalho seria sempre o sacrifício de uma certa “parcela de bem-estar, liberdade e felicidade.” E de alguma forma, essa ideia continua em nosso inconsciente. Será que não está na hora de ressignificarmos esse olhar para o trabalho e entender que podemos tê-lo de forma mais saudável em nossas vidas? A pausa não somente atua em nossa saúde mental, mas, como falamos, na sustentabilidade dos negócios e inclusive na nossa sociedade.

 

*Renata Rivetti é especialista na ciência da felicidade, fundadora da Reconnect, 2x TEDx Speaker, LinkedIn Top Voice, palestrante, consultora e colunista da Fast Company Brasil.

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