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Dasein convida: Luiz Porto

Da tradição, a inovação

Olhar para dentro e valorizar as próprias raízes é o caminho que tem levado a Luiz Porto a produzir um dos vinhos mais autênticos e admirados do Brasil.

 

Tão gigante quanto as montanhas mineiras, é o acolhimento de um povo que guarda histórias, tradições e uma cultura que se manifesta no seu modo único de ser e de fazer. Minas Gerais é, antes de tudo, sua gente. É seu amor pela terra, por suas espécies e frutos. Pelo jeitinho desapressado, que zela pelos mínimos detalhes.

É olhando para dentro, para o valor da identidade mineira, que a Vinícola Luiz Porto, de Cordislândia, se expande e reúne admiradores mundo afora. O apreço pelo legado de quem chegou antes está em cada detalhe: a começar por seu nome, em homenagem a um dos pioneiros no cultivo de uvas no Sul de Minas, Luiz Porto. Visionário, no início dos anos 2000 ele plantou 45 mil mudas de uva na região, mas não chegou a ver os vinhos prontos.

Anos depois, seu filho, Luiz Porto, viu na vitivinicultura uma forma de consolidar essa visão. Inspirado pela memória paterna e pela coragem de experimentar, investiu em um processo inovador no Brasil: o ciclo invertido. Com o apoio da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), iniciou a colheita no inverno, período de seca que possibilita um amadurecimento diferenciado das uvas – processo que transformou o terroir de Cordislândia em um símbolo de inovação.

Manter viva uma herança cultural

Para Luiz, que cresceu entre os cafezais de sua família e as tradições mineiras de uma vida simples e conectada à terra, a vitivinicultura foi um reencontro com suas raízes e uma nova maneira de honrar sua herança familiar. “Minha infância foi marcada pelo cheiro do café torrado, pelo sabor do doce feito no tacho, fogão a lenha aceso o dia todo, o retiro de leite, os terreiros. Aquele relevo de morros arredondados, que se perdem no horizonte, o mais belo pôr do sol que já se viu.”

Trazer essas histórias para a essência de um vinho é mais do que um sonho; é uma forma de manter viva uma herança cultural para as novas gerações. Cada safra que Luiz produz é, para ele, uma homenagem ao legado dos avós, que transmitiram o respeito pela terra e o entendimento do tempo da roça – o tempo de plantar, de cuidar e de colher.

Admirar o que é nosso

Por muito tempo nos contaram que qualidade vem de fora, que os produtos brasileiros não estavam à altura dos importados. Felizmente, o país vem se desvencilhando dessa pecha e é crescente a valorização dos produtos nacionais, sobretudo no setor alimentício, vestuário e mobiliário.

Estaríamos compreendendo que não há nada mais precioso que a autenticidade do que é nosso? Em partes. No mercado de vinhos finos, a batalha não está ganha, ainda há uma barreira de preconceito a ser quebrada. Segundo Luiz Porto, a regionalidade ganhou muita força nos últimos tempos, principalmente no pós pandemia, com a quebra de cadeias de alimentos, “o que fez com que muita gente valorizasse os produtos locais e percebesse a sua qualidade.”

Ele conta que no início da vinícola, enfrentou o ceticismo de especialistas e a desconfiança de produtores tradicionais, mas persistiu. “Solo e clima são variáveis que não controlamos, mas nossa paixão e dedicação são a nossa escolha. É isso que faz vinhos Luiz Porto se destacarem. A inovação do ciclo invertido colocou o Sul de Minas Gerais no mundo dos vinhos especiais. Foi colhendo a uva no inverno que nossas montanhas produziram uvas com qualidade impressionante.”

Reconhecimento internacional e orgulho mineiro

O trabalho árduo e a dedicação de Luiz Porto começaram a colher frutos não apenas na qualidade de seus vinhos, mas também no reconhecimento nacional e internacional. Em 2017, o espumante Brut Luiz Porto ficou em primeiro lugar na avaliação da Vini BRA Expo, concorrendo com mais de 350 vinícolas brasileiras. Outro marco importante foi a medalha de bronze conquistada pelo Syrah Luiz Porto no International Wine Challenge (IWC), uma conquista que simboliza o potencial do terroir sul-mineiro.

Entretanto, o momento mais marcante para Luiz em relação ao reconhecimento aconteceu em um restaurante tradicional de Belo Horizonte. “Vi uma senhora mineira, que brindava com amigos estrangeiros, optar pelo nosso espumante ao invés de um champagne francês. Essa foi a medalha mais especial da minha vida. Ver o mineiro escolher a própria terra é uma vitória que ultrapassa o valor de qualquer título.”

Legado de sustentabilidade e inspiração para o futuro

Para Luiz Porto, a sustentabilidade e o respeito à terra são pilares inegociáveis em seu trabalho. Sua vinícola é inteiramente conduzida em sequeiro, o que permite que as raízes das videiras se aprofundem no solo e absorvam a essência do terroir mineiro. Ele vê seu legado como algo mais profundo do que a produção de vinho: é a perpetuação de uma cultura de respeito e conexão com a terra e suas espécies. “O legado é aquilo que toca o coração e ecoa para além de uma geração. É a nossa essência viva, transformada em cada safra.”

Ao longo de sua jornada, Luiz Porto percebeu que o terroir do sul de Minas Gerais, muitas vezes subestimado, possui um potencial único para a produção de vinhos finos. Nos próximos anos, ele planeja expandir seus vinhedos, respeitando a Mata Atlântica e mostrando ao público que os vinhos mineiros podem competir com os melhores do mundo.

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