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Radar executive search Brasil: emoção e razão em sintonia

“As lideranças precisam compreender que a gestão das emoções faz parte do seu papel”

 

Por mais que a lógica centenária do controle e comando tenha se desconstruído ao longo dos tempos, pessoas ainda são consideradas “recursos” em boa parte das organizações. Sim, até hoje é necessário (se não obrigatório) chamar atenção para o que seria óbvio: a humanização – reflexão que vem ganhado força não apenas pelo crescente avanço da automação, mas devido, também, ao conceito arraigado da “objetificação” do trabalhador.

Como parte da objetificação, uma regra: evite demonstrar emoções no ambiente profissional. Passaram-se décadas e, cá entre nós, são poucos os que, em 2019, se sentem totalmente à vontade para expressar sentimentos no trabalho e não o associam à falta de controle ou à fraqueza. De fato, desconstruir modelos históricos não é simples, requer um exercício diário de observação, prática e pensamento crítico. Mas esse exercício é necessário, sobretudo se tomarmos como base os índices cada vez mais alarmantes de estresse – 72% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a doença, segundo a Associação Internacional de Manejo do Estresse.

Luzete Campolina, consultora associada da Dasein.

Para Luzete Campolina, consultora associada da Dasein, mesmo que o ser humano venha ganhando destaque nas empresas desde a “Era da Informação”, nos anos 1990, demonstrar emoções ainda gera desconforto e, em casos mais graves, até doenças de ordem emocional. De acordo com ela, o cenário atual faz com que as lideranças precisem se preparar ainda mais para conduzir situações que envolvam pessoas e tudo a elas relacionado, como as emoções. “Não dá para terceirizar, nem para bloquear. Quando atingirmos um nível de maturidade maior para lidar com esta nova realidade, acredito que teremos empresas realmente mais humanizadas e em consequência ambientes criativos, produtivos, onde as pessoas sintam liberdade para contribuir como que têm de melhor: sua competência.”

Nesse aspecto, o papel da liderança será o verdadeiro divisor de águas, explica Luzete Campolina. São elas que, sabendo lidar com as próprias emoções, vão estimular o mesmo comportamento em seu time. Mas isso só acontecerá com lideranças que buscam o autoconhecimento e percebam a complexidade do seu papel. “É como a famosa máxima da máscara de oxigênio: em caso de despressurização coloque a máscara de oxigênio em você, só depois auxilie o outro. As lideranças precisam compreender que a gestão das emoções faz parte do seu papel. As emoções são inerentes ao ser humano e interferem diretamente em todos os resultados a ele associados.”

Segundo a consultora e CEO da Transition Practices Academy, Valentina Seabra, é impossível inovar sem emoções ou sem reconhecer as próprias vulnerabilidades. Ela reforça que as pessoas passam por momentos de vulnerabilidade emocional todos os dias, mas grande parte prefere evitar essa sensação e acaba se “armando”, perdendo a espontaneidade na intenção de ser aceito. No entanto, a humanização e a autenticidade geram conexões mais verdadeiras, além de engajamento.

“Somente vivenciando a emoção saberemos como lidar com ela, equilibrando o racional e nossas vulnerabilidades. Seja o mais genuíno possível com você e com o outro. Ser verdadeiro e agir alinhado com seus valores é libertador. Demonstrar as emoções gera conexão com o outro. Quando mais evitamos ou negamos o que sentimos mais aquela emoção aumenta e toma conta de você.” – Valentina Seabra

“As lideranças precisam compreender que a gestão das emoções faz parte do seu papel. As emoções são inerentes ao ser humano e interferem diretamente em todos os resultados a ele associados.”  – Luzete Campolina

Ambientes de confiança são fundamentais

Outro aspecto importante: estimular o clima de segurança, para que as pessoas não tenham medo de se expressar e demonstrar emoções. Valentina Seabra explica que ambientes de confiança são propícios à inovação, à colaboração, à autoresponsabilidade, à comunicação efetiva e consequentemente contribuem para melhores resultados.

A confiança também foi ressaltada por Luzete Campolina. “Ela é a base para que se estabeleçam os relacionamentos. Dificilmente alguém vai chegar para um desconhecido se abrindo, falando de suas fragilidades, de seus medos e até mesmo de suas expectativas, se não houve uma relação de confiança estabelecida. E as relações não se estabelecem da noite para o dia. Alguém precisa dar o primeiro passo”, indica.

Valentina Seabra, consultora e CEO da Transition Practices Academy.

Para ampliar a reflexão, a dirigente indica o livro “Os 5 desafios da equipe – Uma história sobre liderança” de Patrick Lencioni. Ele trabalha a construção de times de alta performance a partir de uma pirâmide, onde a base é a confiança. “O papel do líder é dar este primeiro passo, é mostrar que também tem vulnerabilidades, que é ser humano, que não está num pedestal que o afasta das pessoas, pelo contrário, ele deve mostrar que está próximo, que está ali para apoiar. Quando estivermos tratando com seres humanos que sejamos apenas seres humanos e aí as conexões acontecem.”

“Se disponha a desvendar suas próprias emoções”

Como relatamos logo acima, são muitos os que têm dificuldade em lidar com as próprias emoções e também com as emoções do outro. Se esse é o seu caso, Luzete Campolina traz uma orientação: busque entender, primeiro, suas emoções. Isso facilita muito o entendimento do que se passa com o outro. “Se disponha a desvendar suas próprias emoções. Hoje existem processos já amadurecidos para isso, como o life coaching ou a Terapia Cognitivo Comportamental. O importante é dar o primeiro passo.” Ela também indica leituras que podem auxiliar no start do processo, como “Agilidade Emocional”, de Susan David e “Mindset”, de Carol Dweck.

“Somente vivenciando a emoção saberemos como lidar com ela, equilibrando o racional e nossas vulnerabilidades. Seja o mais genuíno possível com você e com o outro. Ser verdadeiro e agir alinhado com seus valores é libertador.” – Valentina Seabra

Já Valentina Seabra indica exercícios práticos que envolvem a escrita. “Comece fazendo um diário emocional por uma semana. Tente escrever todas as emoções que você lembrar durante aquele dia, desde emoções sutis às mais fortes. Surpresa, frustração, euforia, raiva, aversão, medo, alegria etc. Esses são exemplos de emoções que às vezes passam despercebidas ou negamos.” Ela explica que assumir e nomear as emoções é primeiro passo. Na sequência, a pessoa poderá identificar qual a necessidade que cada emoção pede e qual o cuidado ela deve ter em cada situação.

 

Matéria originalmente publicada na Dnews de dezembro de 2019 e revisada em janeiro de 2021.

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