OURO DOS TOLOS
Zé Alguém, protagonista desta estória,
Obcecado por poder e glória;
Galgou o cume da Corporação.
-Ah, meu Deus, quanta ascensão!…
Hoje de pijama e pantufa,
Qual num libreto de ópera bufa,
Volta no tempo, vê-se em ação:
Jogou-se cego no dia a dia,
Ignorando a mais valia,
Não se ateve aos seus e a si.
Quis morar num avião,
Alimentar o Eu-Glutão
Fígaro lá, Fígaro aqui.
Mimado corporativo,
Engajado e proativo,
Foi espirrado de roldão.
-Desilusão!…
Chegou cedo ao escritório,
O chefe com ar de velório
Recitou a demissão.
Sedutor, quando ascendente.
Manteve o coração dormente
Por se achar o herói da fita.
Chamadas não retornaram,
Correios escassearam
Sem o tal cartão de visita.
Laurindo Leal – diretor científico do Instituto de Tecnologia da Vale