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Inspire-se com Paulo Ângelo C. de Souza

“O profissional de finanças precisa ser obcecado por conhecimento”

Grande especialista no setor financeiro, Paulo Ângelo C. de Souza, que também é presidente do Conselho da Dasein, delineia, nesta entrevista, um panorama da economia mineira e seu setor de finanças. Ele aborda os principais desafios, gargalos, e destaca as várias possibilidades e enorme capacidade de Minas Gerais. Acompanhe:

Apesar de ser uma das maiores economias do país, Minas Gerais vem apresentando consecutivas retrações no PIB e registrou queda de 4,9% em 2015, número pior que a média do Brasil, 3,8%. A que o senhor atribui esse desempenho negativo?

Minas Gerais teve um desenvolvimento acelerado na década de 1970 e a partir da implantação do projeto da Fiat tornou-se o segundo polo automobilístico do país. O setor siderúrgico e de mineração, além da indústria cimenteira e mais o incremento do setor automotivo elevaram o PIB mineiro para o segundo maior do Brasil. Já nos anos 80, o país passou por um processo de forte depressão e o estado parece ter abandonado as boas práticas de políticas de planejamento de forma sistemática. Um exemplo são os órgãos de fomento, INDI, BDMG e a CDI (modelo copiado por diversos estados) que tiveram suas atribuições relegadas. A CDI, por exemplo, foi extinta e seus 53 distritos industriais abandonados, sucateados. Apenas recentemente a Codemig deu início a um programa de revitalização dos distritos industriais.

Mais de 10 indústrias do setor automobilístico vieram para o Brasil nos últimos anos e Minas não disputou, pra valer, nenhum projeto. Mais recentemente uma crise desproporcional no setor de mineração e siderurgia, de ordem mundial, repercutiu fortemente na economia mineira. Essa é a realidade que se abateu sobre o estado e desde 2006 o mundo passa por graves problemas de recessão, economias se debatendo em alarmantes crises atingindo indistintamente as diversas economias.

O único setor que cresceu no estado no último ano foi o de serviços imobiliários (1,8%). Porque isso ocorreu?

O crescimento no setor imobiliário pode ser explicado pelo déficit habitacional crônico, o que faz que os estímulos para a área obtenham resultados mais rapidamente. Essa situação demonstra que cabe a Minas mobilizar seus empresários, suas entidades de classe e retomar a iniciativa de desenvolver sua economia. Foi assim num passado recente. Os principais projetos que aportaram no estado deveram-se a iniciativas de suas lideranças e muita luta contra a maré.

Como renomado profissional do mercado financeiro, quais seriam suas apostas para investimento no estado?

Aposto na força das lideranças empresariais e no planejamento estratégico para atingir suas metas. Minas precisa modernizar sua siderurgia, buscar novas tecnologias, apoiar a inovação. Questionar algumas situações que caminham para o  obsoletismo. Por exemplo, a indústria automobilística cuja configuração já se depara com grandes dificuldades. Trata-se de um segmento bastante relevante e prestes a se reinventar.

Novas fronteiras poderão ser exploradas com ênfase na diversificação mineral de maior valor agregado e novas tecnologias, suportado por pequenas e médias produtoras. Não podemos esquecer que junto da vocação mineral, temos a agricultura, pecuária e derivados do campo. Plena e totais condições e possibilidades de se desenvolver no agronegócio de forma mais eficiente e daí para a agroindústria. Mas é preciso pensar em novas tecnologias e para apoiar esse setor de forma eficiente e competitiva, torna-se necessário um novo plano rodoviário e ferroviário para o estado.

É importante ainda ficar atento à força da pequena e média empresa, que precisa ser apoiada e incentivada para gerar emprego de forma mais diversificada, maior renda e arrecadação tributária. É possível também, por intermédio da pequena e média empresa, assimilar as inovações e tecnologias que agregam valor ao produto com maior velocidade.

Várias mudanças estão acontecendo no setor executivo e muitos profissionais vêm levando mais tempo para se recolocar no mercado. No setor de finanças, em particular, isso também está ocorrendo? Quais as perspectivas para as lideranças de finanças em Minas?

Em momentos de crise o profissional do mercado financeiro é um ponto chave, mas não se pode esperar milagres. Na verdade a sociedade precisa pensar um pouco mais no médio e longo prazo, planejar, avaliar e tomar decisões. Avaliar no sentido de adotar medidas mitigadoras de risco. O executivo eficiente deve sempre avaliar e se antecipar aos diversos riscos que envolve a atividade empresarial.

 

O profissional de finanças precisa ser obcecado por conhecimento. Ele deve se enfronhar e esmiuçar todas as áreas da empresa e não só a financeira. Só assim ele poderá ser verdadeiramente um executivo estratégico. Ser estratégico é fazer gestão de recursos financeiros, gestão das potencialidades da empresa, de seus recursos humanos e alocando-os de forma a otimizar a capacidade da organização.

Por sua tradição, Minas pode ser um celeiro e abastecer o mercado brasileiro de finanças. Precisamos atrair as melhores escolas e culturas de finanças internacionais e assim voltaremos a ser o celeiro do Brasil e do mundo. Uma forma para incrementar esse vetor é acelerar o intercâmbio com os centros internacionais mais desenvolvidos, enquanto se procura modernizar e internalizar novas tecnologias.

União das forças empresariais, foco no desenvolvimento tecnológico, planejamento e cumprimento de metas são citados pelo senhor como ações necessárias para a retomada do crescimento mineiro. Conte-nos mais sobre essas medidas.

O planejamento estratégico pressupõe-se um cronograma executivo, como e quando atingir as metas propostas. Cabe destacar também que não se pode planejar “de olho” no retrovisor. É claro que temos uma economia madura em determinados setores que também precisam ser arejados e ajustados aos tempos atuais, com novas técnicas, uma nova visão do mundo competitivo e que também precisa ser visto de forma global.

Em artigo recente, o senhor sugere a criação da Agência de Desenvolvimento Avance Minas. Composta por empresários de renome, o objetivo seria desenvolver ações e definir políticas de atração e viabilização de novos empreendimentos para o estado. Como isso ocorreria?

Existe uma realidade que não pode ser adiada e precisa ser entendida. O setor público encontra cada vez mais dificuldades financeiras para cumprir suas tarefas básicas, para pensar o país, planejar e criar condições para que a iniciativa privada exercite sua ação empreendedora. O equilíbrio orçamentário torna-se imperativo para que o setor publico cumpra bem sua relevante função desonerando o setor produtivo da carga tributária enorme que sufoca e inviabiliza determinadas atividades, por lhes retirar competitividade em função de redução de suas margens.

A Agência de Desenvolvimento Avance Minas seria dirigida por empresas e empresários que se unirão para estabelecer um planejamento estratégico cujo objetivo é desenvolver ações práticas de fortalecimento e complementaridade das diversas cadeias produtivas. A ideia é otimizar as economias de escala, de aglomeração, inovação e desenvolvimento tecnológico. Teme-se que Minas não consiga, como não tem conseguido, ser o condutor dessa nova economia. Nesse caso o setor privado investiria seus esforços nesse relevante vetor em beneficio próprio, da sociedade de forma direta, e do estado na geração de renda e tributos.

 

 

 

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