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Desacelere: uma pausa na rotina, por Luiza Voll

Para ter uma vida melhor, diga mais não

Sobre a coragem e a honestidade de bancar suas próprias escolhas

 

*Por Luiza Voll

 

Eu acredito que é a nossa capacidade de dizer sim ou não com honestidade e conexão com os nossos valores que vai tornando a nossa vida melhor. Tantas vezes nem nos damos conta, principalmente nós mulheres, que vamos no piloto automático dizendo sim para o mundo, para os estímulos externos, para os favores, para as demandas, para as oportunidades também – ainda bem. O resultado é uma hashtag famosa, ficamos #exaustas. No livro “Mulheres que Correm com os Lobos” a autora sugere: “É hora de colocar um sutiã de lata e deixar de ser mãezona do mundo”.

Luiza olha para frente e sorri

Luiza Voll é escritora e sócia da Contente.

Na minha vida tenho uma característica que é uma benção disfarçada, o meu corpo me penaliza se digo sim quando queria dizer não. Meu rosto me desmente e se sigo adiante já experimentei desde sentir dores de cabeça até febre. Por conta disso fui aprendendo logo cedo a dizer não de uma forma que me respeitasse (e aos outros também) e sempre procuro ter relacionamentos onde eu possa ter esse tipo de honestidade, sem que as pessoas levem um não para o lado pessoal, com a confiança de que quando estivermos juntos é porque todos querem mesmo.

A verdade é que o tempo é o nosso bem mais escasso e o tratamos como se fôssemos viver para sempre. O quanto antes nos damos conta dessa falácia, melhor, mais honesta e mais conectada com o que nos nutre verdadeiramente a vida vai ficando.

Mas como sair desse modo automático que nos faz dizer sim para tudo? A primeira coisa que faço é pedir um pouco mais de tempo antes de tomar uma decisão. Aprendi que é importante levar esse processo para o corpo também. Pense em alguma decisão que você precisa tomar e experimente tentar ouvir o que o seu corpo te diz. Sabe quando você aceita fazer algo e, no meio do caminho, diz para si mesma: “Eu sabia que não devia ter topado”? Pois é, sabia mesmo. Mas a maioria das vezes não nos damos o tempo necessário para sentir. Quanto mais vamos treinando a nossa capacidade de tomar decisões de acordo com nossos valores e prioridades na vida, mais rápidas e intuitivas vamos nos tornando.

Os mais velhos, ou os que já passaram por uma experiência que reforça que nosso tempo é finito, são outro exemplo a ser observado – dizem não com muita facilidade. Enquanto ainda não temos essa confiança, vamos treinando. Antes de começar a praticar, vale fazer essa reflexão: dizer não, não faz com que sejamos pessoas menos amorosas ou gentis. Saber fazer isso em uma cultura que constantemente pede: faça – compre – use – dê um like – siga – dê tudo de si – é muitas vezes um dos maiores atos de cuidado com você, com outro e também com o mundo. E é só falando não que conseguimos ter tempo de dizer SIM quando aparecem as oportunidades que realmente conversam com o nosso coração.

Luiza Voll é sócia da Contente, plataforma de educação e conteúdo para criar #ainternetqueagentequer. Pensa e escreve sobre o tempo para além da produtividade e sobre o que a internet tem feito com a gente.

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