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Artigo: cultura e vida profissional

Museu? Nem pensar. Não gosto de coisa velha!

*Por Thelma M. Teixeira

Quantas vezes você já ouviu esta frase? Eu já escutei algumas vezes e, mesmo que eu tente entender a pessoa que a diz, confesso que tenho muita dificuldade.

Também já ouvi: “Museu, só fora do Brasil. No Brasil não temos museus ‘de primeiro mundo’ (revelando o sentimento de menos valia tão presente na nossa sociedade)”. Não é bem assim. Apesar do descaso com que nosso país cuida do nosso patrimônio, haja vista o recente incêndio do Museu Nacional, temos mais de 3 mil museus e muitos de altíssimo nível. E bem perto de nós. É verdade que a maioria está centrada nas regiões sudeste e sul. No entanto, mais de 1.100 municípios brasileiros têm pelo menos um museu.

Thelma M.Teixeira é psicóloga organizacional e conselheira da ABRH-MG.

Por que no mundo corporativo participamos de tantos cursos e eventos e damos pouca ou quase nenhuma prioridade a atividades culturais, especialmente visitas a museus e exposições? Gostaria de relatar parte de uma recente experiência, vivenciada em espaços de cultura, que me enriqueceu muito e da qual extraí ensinamentos e reflexões também para o ambiente corporativo. Como aluna do curso livre de História do Brasil, realizado pela Escola Pontos de Vista, participei de uma extensa programação em museus e exposições da capital paulista.  O roteiro das visitas, elaborado pelo professor Adhemar Marques, foi iniciado com a Casa das Rosas. O casarão, no estilo francês, é um dos poucos remanescentes da década de 1930, quando a Avenida Paulista passou a ser habitada por industriais e comerciantes enriquecidos. Lá, podemos ver e aprender muito sobre relações de poder e nossa história de desigualdade social.

Ainda na Paulista, estivemos na Fiesp para apreciar obras de Rafael, o artista renascentista que nos faz refletir sobre a transformação de conceitos, especialmente o de beleza, e sobre inovação, aspecto tão fundamental no âmbito corporativo.
No Masp (Museu de Arte de São Paulo), MAM (Museu de Arte Moderna) e na Pinacoteca é difícil resumir uma aprendizagem, devido a seus grandiosos acervos. Entretanto, sempre me atrai as obras e artistas do Modernismo, da década de 1920, e o uso do termo Antropofagia como metáfora da capacidade de “digerir e recriar as qualidades e valores do estrangeiro” em oposição a um comportamento imitativo, acrítico dos valores, tendências e dos modismos exteriores. No âmbito corporativo essa postura crítica deve estar sempre presente, sem a qual não faremos uso da criatividade, traço do brasileiro e não teremos nossa autonomia e criação própria.

No CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil), a mostra “50 anos de Realismo – Do Fotorrealismo à Realidade Virtual”, apresenta o que é real e sua representação e faz refletir sobre a evolução das artes e a importância de ver por diversos ângulos, situação indispensável na solução de problemas e tomada de decisões no ambiente corporativo.
Como a viagem cultural estava associada ao curso de História do Brasil, fizemos duas visitas imprescindíveis ao Museu Afro Brasil e ao Memorial da Resistência. No primeiro, a exposição em cartaz “Isso é coisa de preto – 130 anos da abolição da escravatura” (título inteligente e provocativo, especialmente para os racistas) nos leva à reflexão sobre o respeito ou da falta dele e a importância da diversidade nas organizações em que atuamos.

No Memorial da Resistência, a visita nos causa enorme impacto ao remeter à memória de um tempo cruel e de atrocidades da ditadura que não podemos esquecer. Pelo contrário, precisamos tê-la presente na memória para evitar graves erros também nas organizações, sistema micro, inserido no macro, que é a sociedade.

Concluindo: está na hora de parar de chamar de velho o que é antigo. Precisamos visitar mais museus e exposições para ampliar o repertório cultural e refletir sobre o mundo. Em especial, museus do nosso país como forma de conhecer mais a nossa história. Afinal, só podemos lidar bem com o futuro se conhecermos nosso passado.

O desconhecimento da história do mundo, do desenvolvimento das sociedades, da arte, da nossa história, inclusive a pessoal, nos faz repetir comportamentos inadequados. É justamente a memória do passado e a compreensão da história que nos faz refletir e lidar com o presente de forma correta. E, claro, influenciar e construir o futuro, sem apenas deixá-lo acontecer.

Peter Drucker, o pai da Administração Moderna, bem dizia:

“A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo.”

*Thelma M.Teixeira é psicóloga organizacional e conselheira da ABRH-MG.

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