*Por Lee Ellis
Recentemente tenho observado na liderança uma tendência interessante que merece uma reflexão mais profunda. Em nossa cultura ocidental, os líderes normalmente se baseiam em números e dados quando precisam tomar decisões. O outro lado da equação da liderança, no entanto, fica por conta das habilidades intuitivas de um líder.
Albert Einstein descobriu esse equilíbrio ainda cedo, quando disse: “A mente intuitiva é um dom sagrado e a mente racional é um servo fiel. Criamos uma sociedade que cultua o servo, mas se esqueceu do dom”.
Mas o que é esse dom? A intuição é quando você ouve o seu subconsciente (instinto) para extrair informações e sentimentos acumulados durante a vida. Guerreiros, por exemplo, têm que confiar no instinto, percebendo tudo que se passa ao seu redor, mas utilizando todos os movimentos internalizados para se manterem vivos. Ter uma boa memória visual para formas e relevos é crucial para um piloto militar. Ter capacidade de armazenar e retomar informações e padrões lógicos é importante para empreendedores ou empresários.
A memória emocional é provavelmente a mais forte que temos e também a que acessamos de forma mais rápida. É aquela que sentimos em nosso intestino e que nos ajuda a acessar os gigabites de memória armazenados em nosso subconsciente – mais rápido do que qualquer processador já construído. Dessa forma, a intuição é esse fluxo de percepções que passa do nosso subconsciente para o nosso consciente. Contudo, é necessário estar bem sintonizado para não perder esse sinal.
Aprender é possível? A resposta simples é sim, mas a questão é se você vai desenvolver essa percepção e canalizar a intuição do seu interior para a sua mente. O fato de dados serem armazenados através de emoções não é um problema, pois eles estarão prontos para uma retomada rápida e normalmente têm acesso fácil. Em alguns momentos, pode ser tão simples quanto parar e perguntar a si mesmo: “O que o meu instinto me diz sobre isso, qual é a minha intuição?”.
Às vezes, a nossa intuição precisa de ajuda para ser percebida. É aí que precisamos agir conscientemente para percebê-la. Normalmente, o que precisamos fazer é dedicar um tempo para desligar o nosso lado racional e refletir, de preferência em um lugar tranquilo e longe de distrações. Isso lembra muito meditação e oração, não é mesmo? Acredito que é bem parecido e pode até ser a mesma coisa. Refletir, esperar e usar os sentimentos para buscar respostas internas, ou insights, são práticas utilizadas por pessoas sábias ao longo da história da civilização. Contudo, em nossa sociedade que vive em um ritmo cada vez mais acelerado, essas são artes perdidas. Se ignorarmos ou não cultivarmos a metade intuitiva das nossas habilidades de tomada de decisões, não conseguiremos alcançar todo o nosso potencial em liderança e vamos nos ater simplesmente aos fatos que tivermos em nossas mãos.
A consciência do comportamento natural dos outros e de si próprio também é um importante elemento para o desenvolvimento da intuição. As ferramentas para Leadership Assessment oferecidas pela Dasein, como o Leadership Behavior DNA, resumem bem esses comportamentos e você pode usar os resultados para refletir e colocá-los em prática.
Penso ser uma pessoa muito lógica e racional, mas também fui abençoado com um dom para padrões e uma boa memória. Nos últimos anos, aprendi a valorizar mais o que esses dons me revelam e a confiar mais em minha intuição. Porém, tenho que ser muito cuidadoso para não tomar decisões precipitadas, com pouca informação racional. No geral, sinto-me mais confiante para tomar decisões e tenho mais compromisso com a execução de tarefas.
*Lee Ellis é presidente do Leadership Freedom. É reconhecido pelo grande conhecimento que possui nas áreas de liderança, formação de equipe e desempenho humano.