Crescimento solidificado, correção de rotas na carreira, desenvolvimento de novas soluções, o valor de agregar experiências no momento certo: esses são alguns dos atributos da mentoria executiva. O processo – reconhecido pelo importante papel no avanço da carreira de lideranças (sobretudo em tempos altamente mutáveis e incertos) – está em franco crescimento entre integrantes de empresas preocupadas não só em acompanhar tendências, mas em criá-las.
Para a CEO da Dasein e conselheira AESC para as Américas, Adriana Prates, como a principal responsabilidade do mentor é atuar para acelerar o aprendizado do profissional na posição que ele ocupa na empresa, o processo como um todo contribui, de forma determinante, para a melhor performance da organização e, claro, para o futuro do negócio. “Quando falamos em aceleração, incluímos progresso em três pilares que um executivo sênior precisa ter para performar de forma satisfatória. São eles: melhoria do processo decisório, habilidades de liderança e a formação de uma equipe de alto desempenho”.
Segundo ela, a mentoria provê, de forma direta, seja por meio de aconselhamento ou outras modalidades de orientação, que o executivo alcance um novo patamar de posicionamento na empresa. “Isso inclui relação com o conselho, acionistas, a própria equipe e outros que o cercam”, diz. “O profissional é estimulado a formar alianças positivas, provocar questionamentos, identificar a cultura e o conjunto de crenças a fim de que ele possa contribuir para a constante evolução da empresa, de suas relações de trabalho, relações com a comunidade e com a sociedade.”
Mas para agregar esses valores, o mentor precisa ter uma trajetória profissional muito rica, experiências concretas em cargos de alta gestão em outras corporações e ser uma referência em seu segmento. Em tempos de grande proliferação de atuações ligadas ao “aconselhamento”, é importante trazer esse esclarecimento para aqueles que tenham dúvidas quanto à prática da mentoria. Nesse sentido, Adriana reforça que uma mentoria de qualidade é realizada por pessoas que já dirigiram empresas, viveram desafios semelhantes aos que os seus mentorados estão enfrentando e tiveram maturidade, humildade e abertura para crescer com todas as experiências de vida. “Desse modo, o mentor poderá colocar essas experiências à disposição do mentorado.”
Corroborando com as palavras de Adriana, Luiz Leal, mentor que integra a equipe Dasein, sublinha que ao aportar conhecimentos e exemplos adquiridos ao longo de décadas, a mentoria contribui com a qualidade e também a velocidade do processo decisório. “Aprendemos ao longo da vida que tirar lições a partir dos erros geralmente nos ensinam mais que os acertos. O problema é que aprender com os próprios erros pode ser um processo muito caro. É melhor aprender com os erros dos outros. Um mentor experiente certamente viveu e presenciou muitos erros que podem ser mostrados aos mentorados, proporcionando o aprendizado sem os custos do próprio erro.”
Um divisor de águas em momentos de crise
Viver uma crise e compreendê-la, no calor do momento, como um meio de aprendizado ou de oportunidades não é tarefa fácil, mas possível. E o processo de mentoria tem um papel significativo nesse entendimento. Adriana Prates ressalta que os recentes períodos adversos pelos quais passamos com a pandemia, levou, por exemplo, várias empresas a se destacarem por sua postura com colaboradores, com a sociedade, com clientes. Algumas mantiveram ou até melhoraram os resultados. “Não é surpresa que essas empresas têm programas consolidados de mentoria previamente definidos.”
Luiz Leal chama atenção para outro aspecto, ligado a crises, que pode ser otimizado na mentoria: a saúde emocional. Ele frisa que o impacto da crise em nossas emoções tende a nos levar a um estado de sentimentos ruins, fazendo crer que a crise do momento seja sempre a pior, levando a reações negativas, ansiedade e não a buscar respostas objetivas. Tema que ele abordou, inclusive, no artigo “A Pior Crise é a do Momento. Como Passar por Ela?”, disponível em seu LinkedIn.
“O mentor tem a condição de mostrar e ajudar o mentorado a identificar tais oportunidades, às vezes óbvias às vezes não, e aproveitá-las. Não se trata de subestimar as crises. Pelo contrário, elas são, no mínimo, fontes de aprendizado e devem ser encaradas de frente. Lidar com crises de forma serena e racional é um dos aprendizados que um mentor pode repassar aos mentorados.”
Menos estresse, mais qualidade nas relações com a equipe
Pesquisa da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, publicada este ano pelo Jornal da USP, identificou que a síndrome de burnout atinge aproximadamente 30% dos profissionais brasileiros. Pressão por resultados, cansaço e as “más lideranças” são apontadas como as principais causas do distúrbio. Pensando nessa última causa do burnout, o processo de mentoria entre executivos é uma maneira de contribuir para reverter esse quadro entre colaboradores.
“Costuma-se dizer que quando uma empresa perde um talento, na maioria das vezes está ligado a relação que ele tinha com o seu superior imediato”, relata Adriana Prates. Na medida que esse superior imediato recebe o apoio da mentoria, ele passa a ser estimulado a rever toda a forma de se relacionar, motivar e criar engajamento com os seus liderados. Ele passa a compreender e assimilar do mentor caminhos diferentes para que uma equipe seja formada, inserindo inclusive novos valores, a fim de que ele seja um líder que contribua para um excelente clima no trabalho, baseado em relações de confiança, em relações para durar.”
Erun Diniz, mentor que também integra a equipe da Dasein, ressalta que empresas com lideranças estressadas quase sempre indicam a existência de ambientes onde os colaboradores, que na verdade deveriam ser os protagonistas das ações, não têm espaço para atuar e se desenvolver. “Na minha experiência como líder, coach e mentor desconheço, neste tipo de empresas, casos em que as lideranças não possam delegar pelo menos 20% do seu tempo para dar oportunidade aos outros.”
Mas para isso, ele reforça, é necessário que os gestores tenham a humildade e o humanismo de sentir prazer vendo o sucesso do outro. “Há casos de 30% a 35% de oportunidade de delegação? Sim, eles existem e em vez de sobrecarregar os colaboradores, eles se tornaram mais felizes e realizados, até mesmo devido a menor ‘intromissão’ dos gestores. E estes, por sua vez, terão mais tempo para se dedicarem aos projetos que sempre tiveram vontade de fazer e alegavam falta de tempo.”
“Em time que está ganhando não se mexe?”
Por incrível que pareça, essa ainda é uma máxima usada por lideranças e empresas quando questionadas sobre a falta de investimento em programas de mentoria. Além de estimular uma perigosa zona de conforto, esse raciocínio pode ser um forte indício de estagnação.
Luiz Leal conta que já ouviu essa máxima diversas vezes, vinda principalmente de profissionais que não queriam mudanças. “Nunca deixei de contrapor de forma firme. O time que perde hoje vai se desenvolver, modernizar e mudar seu armamento (suas estratégias, táticas e produtos) para utilizar amanhã. Se o ganhador não se desenvolver para amanhã, poderá utilizar flechas para combater mísseis.”
Ele ressalta que as guerras e o esporte são ricos em nos dar exemplos de como esta expressão é conformista, falsa e perigosa. “Na segunda guerra os alemães eram muito competentes e tinham um diferencial em enviar mensagens secretas e codificadas para as tropas. Quando os aliados desenvolveram um sistema de decodificação das mensagens, este passou a ser um trunfo poderosíssimo para descobrir os planos dos alemães e decisivo na vitória aliada. A seleção brasileira de futebol é penta campeã mundial, tem diversos jogadores nos melhores clubes internacionais, mas não conseguiu renovar o padrão de jogo e não ganha uma copa do mundo faz quase 20 anos.”
Adriana Prates completa: “a empresa é um organismo vivo que se transforma e é transformada pelas ações internas e externas. Precisa estar em constante evolução para não perder a relevância. Não dá para levar adiante a ideia de que um time bom e vencedor seguirá dando as respostas acertadas que o mercado requer o tempo todo. Nesse cenário, o mentor tem o papel de alertar os executivos a alterar a dinâmica em que estejam atuando a fim de que busquem novas formas de seguir crescendo. A sustentabilidade dos bons resultados requer ações diárias de aperfeiçoamento.”
Melhor reputação da marca e aumento no valor de mercado são benefícios colhidos por empresas que investem em mentoria para suas lideranças
Há 25 anos no mercado, um dos destaques no leque de serviços prestados pela Dasein é a mentoria executiva. Atuando nessa área há 20 anos, a empresa teve a oportunidade de apoiar diversos profissionais a se tornarem CEOs, diretores com posições equivalentes em suas respectivas companhias ou nos próximos desafios profissionais que tiveram. E o trabalho não parou por aí. Além de toda a preparação do antes e durante a atuação, o incentivo a ações constantes de sustentabilidade fizeram com que esses executivos seguissem no mercado aumentando a reputação da marca empregadora.
Adriana Prates ressalta que houve um ganho de credibilidade do executivo diante de seu posicionamento perante a sociedade, que passou a identificar esses executivos como profissionais treinados, preparados, conscientes do papel como lideranças, do seu papel social e ampliando a articulação com o conselho e os acionistas.
Nesse grupo de executivos, alguns contribuíram diretamente para incrementar em mais de 100% o valor da companhia no mercado. Isso foi possível graças a técnicas aprendidas no processo da mentoria como: desenvolvimento de estratégias de negócios inovadoras, formação de times competentes e integrados, ampliação da potência ao se considerar as competências de gestão de pessoas. E ainda melhoria na comunicação, posicionamento, atuação na cultura organizacional e na abertura da empresa em direção a busca de novos ciclos, nichos, aliados, parceiros e oportunidades de expansão e melhoria dos indicadores chave.
A formação de sucessores também é um dos fatores importantes para que esses executivos pudessem se desenvolver continuamente e criar um ciclo virtuoso de crescimento a todos os envolvidos.
Considerando executivos de alta gestão, a Dasein já apoiou dezenas deles realizando uma mentoria qualificada, robusta, humanizada, considerando o contexto da empresa, o momento do executivo e trazendo um trabalho interdisciplinar. “Todas essas empresas foram beneficiadas diretamente com aumento significativo de melhoria enquanto marca empregadora, muitas dobraram o faturamento e a rentabilidade. E outras tantas transformaram ambientes de trabalho outrora tóxicos, em um espaço de trabalho no qual a cultura foi transformada, o clima positivo foi restabelecido e os colaboradores passaram a desfrutar de um ambiente mais saudável para trabalhar. Menos competitivo e mais colaborativo, com significativo aumento da produtividade.”
Entenda a diferença entre mentoria, consultoria e coaching
Com a orientação do mentor do time Dasein Luiz Leal, listamos as diferenças entre cada processo:
Mentoria
Trabalha aspectos pertinentes à carreira profissional ou transições profissionais. O profissional mentor deve ser uma pessoa experiente no tema escolhido pelo cliente (mentorado). O mentor auxilia o mentorado em suas ações ou decisões, recorrendo à sua experiência em situações passadas, positivas ou negativas. O mentor mostra os prós e os contras das alternativas possíveis em cada situação.
Consultoria
Foco principal no funcionamento da organização. Aborda o que deve ser corrigido, melhorado ou mudado na estrutura organizacional. Os resultados da consultoria são basicamente a busca de melhores alternativas de produtos, processos, serviços, prevenção e solução de problemas.
Coaching
É um processo voltado ao indivíduo, na maioria das vezes, ou em alguns casos, a grupo de indivíduos. É, essencialmente, um processo reflexivo em direção a mudanças. Por meio de perguntas ancoradas em metodologias e técnicas, o coach tem o papel de inspirar o cliente a maximizar seu potencial pessoal e/ou profissional. Por outro lado, o coach não tem o papel de aconselhar (papel de mentoria e consultoria) ou aportar informações técnicas e processuais (papel da consultoria). O resultado do coaching é a criação de alternativas construtivas e viáveis para o alcance dos resultados.
Enquanto o coach tem as perguntas como principal ferramenta, o mentor utiliza o diálogo. O resultado para a empresa é a aceleração e melhoria da qualidade da decisão e implementação. O resultado para o mentorado é a melhoria da visão sistêmica e das oportunidades.
Matéria publicada em setembro de 2020 e revisada em fevereiro de 2021.