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Inspire-se com Marcos Maciel

“Os maiores desafios para o desenvolvimento de alta tecnologia no Brasil são investimento de longo prazo, a falta de maturidade da cadeia de valor em alguns segmentos e equipe especializada e experiente”

Quando se fala em geração solar muitos associam o tema à imagem de telhados residenciais ou comerciais cobertos por placas fotovoltaicas de silício. Esta realmente é uma tecnologia muito utilizada e aprovada pelo mercado. Mas, com o avanço da inovação no setor, novas opções estão surgindo. Um exemplo é a revolucionária tecnologia de filmes fotovoltaicos orgânicos (OPV) desenvolvida pela Sunew, um spin-off brasileiro nascido em 2015. Considerado um tipo de painel solar de terceira geração, os filmes fotovoltaicos orgânicos são diferentes porque permitem um maior uso da energia solar em locais onde as tecnologias anteriores não podem ser utilizadas. Para falar um pouco mais sobre este produto pioneiro, conversamos com o CEO da Sunew, Marcos Maciel. Na entrevista, ele também destaca as habilidades necessárias que levou a empresa a liderança mundial, os desafios de se devolver alta tecnologia no Brasil e ainda revela os profissionais, livros e filmes que foram fundamentais na construção de sua carreira. Inspire-se!

Em 2011, quando trabalhava com inovação no Reino Unido, você foi convidado a voltar para o Brasil e desenvolver novas tecnologias em energia solar. Eram apenas cinco pessoas em Belo Horizonte com um “power point” na mão, como você disse no TED. Hoje a Sunew é considerada uma das líderes mundiais no desenvolvimento e fabricação de energia solar de terceira geração (OPV). Quais foram as competências necessárias para tornar esse sonho possível?

Realmente o desafio de desenvolver uma tecnologia mundialmente inovadora e transformar isso em produto e soluções para clientes não foi trivial. Destaco três competências importantes nesse processo: formação de time, visão global e estar disposto a correr riscos.

Foi fundamental encontrar pessoas de várias áreas (pesquisa, engenharia, financeiro, comercial) que estivessem alinhadas com o ambiente startup e dispostas a criar algo realmente novo. Como existem relativamente poucas empresas desenvolvendo alta tecnologia no Brasil, principalmente em hardware, formar o time foi o maior desafio. No início chegamos a ter pessoas de 11 nacionalidades trabalhando conosco aqui no Brasil. Essas pessoas trouxeram não apenas o conhecimento técnico e científico, mas também formas diferentes de encarar os problemas e desafios.

Considerando que a tecnologia não existia no Brasil, foi fundamental ter conexões e, acima de tudo, experiência em realizar negociações e encontrar parceiros e colaboradores fora do Brasil para acelerar o processo de desenvolvimento, ou seja, uma visão global na montagem e na comercialização dos produtos.

O risco e a incerteza são inerentes ao processo de desenvolvimento em um ambiente startup. Encarar esses riscos e buscar formas inovadoras de avançar na tecnologia, nos produtos e, principalmente, nos mercados, permitiu chegarmos onde estamos agora.

A Sunew trouxe uma solução inovadora de energia solar fotovoltaica impressa, desenvolvida e produzida no Brasil, que tem o potencial de mudar o futuro do planeta. Como um executivo do setor, quais conselhos você daria para os profissionais se prepararem para as novas possibilidades que se abrem neste mercado em franca expansão?

A energia solar está acontecendo no Brasil e é inexorável, particularmente a geração distribuída. Isso trará uma nova realidade para o mercado de energia. É o momento de criar novos produtos e aplicações além de oportunidades futuras de comercialização dessa energia.

A OPV pode ser aplicada em carros, edifícios, ônibus, fachadas, mobiliário urbano, capas de celulares e muito mais. É possível vislumbrarmos um futuro onde toda cidade estará gerando energia fotovoltaica?

Esse é o nosso objetivo – Energy Everywhere. A energia solar é a que possui o maior potencial de substituir os combustíveis fósseis. Em uma hora de insolação na Terra recebemos a energia equivalente à consumida no planeta em um ano. Como exemplo, com dois terços da área do lago de Furnas poderíamos gerar energia para todas as residências do Brasil. Assim podemos complementar a matriz energética com uma geração distribuída nas construções e elementos já existentes nas cidades, reduzindo assim a transmissão de energia em grandes distâncias, com as suas respectivas perdas. Porque não gerarmos energia nas fachadas de edifícios, mobiliários urbanos, galpões, carros e caminhões!? Um dos pontos cruciais para viabilizar essa geração de energia é o design. O filme fotovoltaico deve ser esteticamente bonito e fácil de integrar. Essa é uma das grandes vantagens do OPV (filme Fotovoltaico Orgânico) por ser leve, flexível e transparente. Além disso, o OPV é a forma mais verde de gerar energia a partir do sol, pois ele consome muito menos energia no seu processo de fabricação quando comparado com outras tecnologias.

Quando se fala em alta tecnologia em energia solar no Brasil você é referência. Quais foram as pessoas ou personalidades que te inspiraram em sua trajetória profissional?

Tive a sorte de trabalhar com líderes que me ensinaram muito tanto no Brasil quanto no exterior. Impossível citar todos, mas destaco os inovadores Belarmino Alcoforado, um dos pioneiros na área de informática, eletrônica e internet no Brasil e Renato Guerreiro, o pai do novo modelo de telefonia no país. Eles permitiram o desenvolvimento, principalmente no quesito liderança. Nos sete anos que morei e trabalhei em consultoria de estratégia no Reino Unido também tive a chance de trabalhar com profissionais muito inteligentes e capazes em projetos na Europa, África e Oriente Médio. Além disso, aprendo diariamente com os times que lidero.

Poderia compartilhar com os nossos leitores livros ou filmes que também foram importantes na construção de sua carreira?

Além dos clássicos de MBA e dos livros técnicos, sem dúvida foi importante os conceitos de startup enxuta (Eri Ries), “Scrum – A arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo” (Jeff Sutherland) e “Value Proposition Design: como construir propostas de valor inovadoras” (Alexander Osterwalder). Metodologias e estratégias utilizadas no Vale do Silício também nos ajudam a inovar rapidamente e com baixo custo. Estar antenado no que ocorre lá é essencial para estar na liderança.

Para empresas que desejam ser referência em suas áreas de atuação ou que tenham o desafio de desenvolver alta tecnologia no Brasil, qual orientação ou ensinamento você compartilharia?

Entendo que os maiores desafios para o desenvolvimento de alta tecnologia no Brasil são: investimento de longo prazo, a falta de maturidade da cadeia de valor em alguns segmentos (fornecedores e parceiros de aplicações) e equipe especializada e experiente, não apenas em desenvolver tecnologias e produtos, mas também em como criar o mercado. Então buscar mitigar esses desafios seja no Brasil ou com parceiros no exterior já maximizam a chance de sucesso.

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