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Dasein entrevista: Mário Sérgio Cortella

“Não é a escola que muda o mundo, mas sem a escola o mundo não muda”

 

Educar para conscientizar, para ensinar a pensar. Como o mestre Paulo Freire, Mário Sérgio Cortella compartilha conhecimento com prazer. Apesar de sua agenda invariavelmente lotada, ele acolhe todos os pedidos de entrevista, independente do interlocutor ou veículo. Afinal, ele questiona, como é possível repensar o mundo sem a partilha e debate dos saberes? Filósofo, escritor e professor da PUC-SP, Cortella sempre deixa, por onde passa, uma centelha de novas ideias, questionamentos, e uma plateia atenta às suas análises, reflexões e presença radiante. Conheça um pouco de seu livro recém-lançado, seus hábitos, escolhas e inspirações.

O seu novo livro “Porque fazemos o que fazemos?” aborda a rotina da vida moderna, a busca pelo reconhecimento, nossas angústias, a importância de ter uma vida com propósito. Fale-nos sobre esse recorte.

Encontrar um propósito no que fazemos é uma das grandes aflições de hoje. O trabalho, a carreira e ser ou não ser realizado são as aflições vitais, como descrevo no subtítulo do livro. Acredito que pensar nisso pode gerar uma espécie de boa perturbação nas pessoas ou um movimento de solução.

Porque falar desse tema agora?

Para não nos perdermos nesse imenso emaranhado tecnológico a que estamos expostos. O excesso de informação, o excesso de conexões digitais podem nos deixar transtornados. Diante disso é importante saber distinguir para não nos alienarmos.

Cortella olha para frente e sorri

Mário Sérgio Cortella é professor, escritor e filósofo.

Para aqueles que se sentem perdidos nesse emaranhado de informações e tecnologia e se distanciaram dos seus propósitos, qual o conselho o senhor daria?

A ação é o único remédio para a angústia. É fundamental dar o primeiro passo. Outro ponto importante é não ser imediatista e ter flexibilidade para mudar a rota, quando necessário, saber enxergar com nitidez. O que é diferente de ser volúvel e seguir o caminho da maioria, sem autenticidade. Como dizia o escritor Guimarães Rosa no livro “Grande Sertão: Veredas” – “não convém fazer escândalo de começo, só aos poucos é que o escuro é claro”.

O senhor é uma das grandes fontes de inspiração para os profissionais brasileiros. Conte-nos quais são as personalidades que o inspiram e porque?

O educador e filósofo Paulo Freire, que foi meu orientador no doutorado, é uma grande inspiração, assim como os filósofos Sócrates (a necessidade da virtude) e René Descartes. Admiro as pessoas que prezam pelos direitos humanos e sociais. Também tenho um forte apreço pelo ex-presidente americano Jimmy Carter e, atualmente, pelo Papa Francisco, que diante de uma pauta negativa da igreja católica conseguiu reinventar a forma de pensar sobre a igreja.

Ainda a respeito de suas referências, quais livros e filmes o influenciaram ou foram marcantes em sua vida? Conte-nos o porquê dessas escolhas.

Tenho duas grandes referências literárias: “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato; e “Criação”, de Gore Vidal. O primeiro não podia ser lido entre famílias católicas porque Lobato era acusado de comunista. Com ele mergulhei no mundo da fantasia, foi fundamental para a filosofia. Já a segunda obra, um suposto romance histórico, marcou minha percepção sobre a história.

No cinema, cito como inspiração o filme “Amarcord”, de Federico Fellini. O título quer dizer eu me lembro. É um filme que está no meu coração, na minha memória. Fala da importância de recordar, viver de novo. Outro longa marcante é o épico “Spartacus”, dirigido por Stanley Kubrick. É um filme que fala da importância do propósito político.

Como o senhor gerencia seu tempo e qual tarefa merece mais dedicação? Estudo, trabalho, evolução pessoal, tempo com a família? Há espaço para cuidados com a saúde e alimentação?

Sou metódico e entendo que quanto mais organizado, menos esforço será necessário. Aprendi isso no monastério onde vivi por três anos. Há 40 anos acordo, diariamente, às 4h30 e vou me deitar por volta das 23h30. As primeiras horas do dia são dedicadas às atividades que exigem mais concentração, como escrever.

A cada três semanas de trabalho, tiro uma semana para me ocupar de outras atividades como ouvir música, conceder entrevistas, ler, ter um tempo livre, cozinhar. Adoro cozinhar e apesar da descendência italiana, o que mais gosto de preparar na cozinha são carnes e legumes na churrasqueira. Meu shitake na brasa fica uma delícia!

Em relação às atividades físicas, normalmente faço caminhadas diárias de pelo menos 30 minutos, mas um problema no tendão do pé está me impedindo, atualmente, de seguir essa rotina.

Cite uma frase ou ensinamento sempre presente em sua memória.

Novamente cito o educador Paulo Freire e uma de suas frases: “Não é a escola que muda o mundo, mas sem a escola o mundo não muda”. Outro ensinamento que carrego na memória é atribuído a São Beda: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina e não perguntar o que se ignora”.

 

Entrevista realizada com Mário Sérgio Cortella em novembro de 2016 para a revista Dnews e revisada em janeiro de 2021. 
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