“O mundo não é como ele é, mas sim como o vemos”
Criar o hábito de questionar velhos arquétipos, comportamentos confortáveis e pontos de vista que se enquadram no senso comum é algo transformador e que pode levar a resultados extraordinários, em todos os âmbitos da vida. É uma forma de se abrir a novas possibilidades, de compreender as diferenças e aceitar o outro sem as amarras de um passado que insiste em estar presente. Esse cenário, devemos admitir, mostra-se muito distante da realidade das mulheres, sobretudo quando o assunto é liderança empresarial.
Pesquisa recém-divulgada pela pela McKinsey em parceria com a ONG Lean In (fundada por Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook) afirma que as mulheres perdem terreno nas empresas à medida que avançam para níveis hierárquicos superiores. Apenas 19% dos postos executivos são ocupados por mulheres, revela o estudo que ouviu 34 mil funcionários de 132 empresas espalhadas pelo mundo. A análise ainda destaca que os homens têm duas vezes mais chances de conquistarem uma vaga gerencial e essa vantagem triplica para postos do alto escalão, como presidências e diretorias.
Krista Walochik venceu, com louvor, essas barreiras. A fundadora da Talengo e presidente da TGCL – The Global Community of Leaders foi eleita uma das 100 principais empreendedoras da Espanha, seu país de origem, e figura como uma das mais importante lideranças globais na área de executive search. Segundo ela, o objetivo de tanto esforço no trabalho é poder criar novas realidades para profissionais que querem fazer a diferença em seu entorno. Inspire-se, a seguir, com entrevista exclusiva realizada com a dirigente:
Confidencialidade e assertividade são fundamentais num processo de recrutamento de alta qualidade. Além disso, quais são os outros atributos que uma consultoria de executive search deve ter?
As organizações de seleção de executivos devem ter conhecimento de mercado; consultoria empresarial e estratégica; e empatia para alinhar todas as partes envolvidas no processo como candidatos, clientes e membros de diretorias.
Como a senhora avalia o mercado mundial de executive search uma vez que as grandes corporações investem cada vez mais em sua capacidade interna de recrutar executivos. Esse seria um dos principais desafios para os consultores?
Há situações em que as empresas precisam buscar externamente, de forma geral, para os níveis executivos ou de diretoria. Buscas confidenciais, quando um funcionário é substituído; buscas internacionais, quando é necessário conhecimento de mercado em diversas localidades; e buscas diversas que visam candidatos de origens diferentes, além de buscas para cargos de chefia.
O mercado de executive search movimentou, em 2015, mais de US$ 11 bilhões. A senhora espera números melhores para 2016? Quais setores merecem mais atenção?
A taxa de crescimento do mercado será estável, com a demanda voltada para os setores de produção industrial, saúde e tecnologia.
Quais as tendências para os serviços de leadership consulting considerando as necessidades dos executivos brasileiros?
Avaliação da capacidade de liderança em processos de downsizing, diferenciação e engajamento, além da avaliação das habilidades tecnológicas e da capacidade de elaborar planos de sucessão e de gerenciar riscos.
Quais as suas expectativas quanto a TGCL iniciar no Brasil através da parceria exclusiva com a Dasein? Conte-nos como foi o desenvolvimento dessa parceria.
Encontramos a DASEIN como membros ativos da Associação Internacional de Consultores de Liderança e Busca de Executivos (AESC) e respeitamos as suas duas décadas de maestria em consultoria e busca. A presidente e fundadora da DASEIN incorpora o espírito da TGCL como uma consultora experiente e guru em liderança.
Quais os diferenciais que a TGCL tem em relação a outras alianças estratégicas que existem no mundo?
O diferencial da TGCL é que todos os seus parceiros também são membros da AESC. Todos oferecem uma ampla gama de serviços de consultoria em liderança, que vão de buscas executivas até avaliações, desenvolvimento e consultoria para chefia. Além do mais, a união das forças das empresas garante uma ótima estrutura para consultoria em liderança para todos os nossos mercados, no mais alto nível.
Quais as vantagens que os clientes podem ter em função de terem negócios com consultorias associadas a TGCL?
Um vasto conhecimento de mercado em âmbito internacional, especialização no setor e os melhores serviços de consultoria da categoria prestados por um parceiro local experiente, respeitado e especializado.
Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional. Quais habilidades a levaram a comandar empresas de renome como a Talengo e a ser a presidente da TGCL?
Fui treinada em uma das melhores estruturas de gestão de consultoria, a KPMG. Essa experiência em consultoria tem sido fundamental para a minha carreira e também para o patamar alcançado pela Talengo e pela The Global Communnity of Leaders. Há um ano fui considerada como top 100 na categoria de mulheres empreendedoras da Espanha. Além de criar novas propostas de negócios e ofertas de serviço, a tomada de riscos e desenvolvimento corporativo sempre fizeram parte da minha carreira. Também tive a honra de trabalhar em diretorias privadas e públicas, e essa experiência em governança corporativa é extremamente importante para o que fazemos na TGCL.
Quais personalidades a inspiram atualmente e porque?
Várias personalidades me inspiram! O fundador da Virgin, Richard Branson, é um modelo de inovação e criação de valor, além de ser um líder com responsabilidade social. O primeiro ministro do Canadá, Justin Trudeau, é uma figura inspiradora cuja palavra-chave para governar o seu imenso país cheio de diversidades é a inclusão. Meryl Streep, uma das melhores e mais mutáveis atrizes da história é um desafio à dinâmica de Hollywood, que descarta atrizes que atingem uma certa idade em favor das mais novas.
Cite uma frase ou aprendizado sempre vívido na memória.
“O mundo não é como ele é, mas sim como o vemos”, Frase da célebre escritora francesa Anaïs Nin.