Qual o impacto que sua empresa gera à sociedade e ao meio ambiente?
Conheça o empreendedorismo de impacto, uma nova geração de negócios que veio para transformar (para melhor) diversas realidades.
Ou você empreende e lucra ou se dedica a mudar o mundo. Mesmo que devagar, essa “lógica” está ficando para trás. Prova disso é a crescente ampliação dos debates e a conscientização sobre uma realidade nada palatável: a responsabilidade pela degradação social e ambiental é nossa. E somente nós, como população, e como parte ou representante das empresas, podemos mudar essa realidade.
Dessa conscientização vêm surgindo iniciativas que ajudam a transformar, para melhor, a sociedade e o meio ambiente – enquanto geram lucro, é importante dizer. O empreendedorismo de impacto é um exemplo. Somando mais de 1300 empresas no Brasil, segundo o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, realizado pela plataforma Pipe.Social, essas organizações têm como objetivo mudar a realidade de pessoas e de comunidades.
São, em geral, pequenas e médias empresas que atuam em setores como educação, saúde, moradia ou gestão de resíduos. Elas funcionam como qualquer outra organização, com o diferencial de que seus produtos e serviços têm a finalidade de ajudar a resolver problemas socioambientais. Desses produtos e serviços, são geradas as receitas que cobrem seus custos e pagam os salários.
Mais recentemente, com a crescente importância do ESG no mundo corporativo, boa parte dos negócios sociais enxergaram possibilidades de crescimento e ganho de escala ao se aliarem a grandes corporações. Atuando como parceiros estratégicos, os empreendimentos de impacto ajudam a promover mudanças internas, ligadas aos processos da empresa e cumprimento de metas socioambientais por exemplo, e também promovem mudanças externas – já que conseguem mais abrangência e impactam positivamente um número maior de pessoas.
Fomento à nova geração de negócios
Outro importante aliado dos empreendimentos de impacto são organizações que atuam no fomento dessas iniciativas, seja apoiando no desenho de negócios, orientações e facilitação de relacionamento entre empreendedores sociais, investidores e aqueles que querem desenvolver um negócio na área. Um exemplo é a Baanko, que atua desde 2014 nesse ecossistema e apoiou o desenvolvimento de mais de 300 projetos.
Segundo o seu fundador, André Menezes, o intuito da Baanko é, também, contribuir para a ampliação da atuação, crescimento e fortalecimento dos negócios sociais. “Trabalhamos na identificação e desenvolvimento de novas oportunidades de mercado e de investimentos para as empresas que geram impactos positivos para a economia, para a sociedade e meio ambiente. Hoje temos vários modelos e metodologias de mapeamento de impacto e ajudamos as organizações a usá-los de forma estratégica”, diz.
O trabalho da Baanko á pautado pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU – matriz que lista os principais desafios globais e é composta por 17 objetivos, como a erradicação da pobreza e da fome, a promoção de uma agricultura sustentável e a garantia da saúde e bem-estar. Para que esses objetivos sejam alcançados no Brasil até 2030, foram traçadas pelas Nações Unidas 169 metas e 231 indicadores – uma importante bússola para o desenvolvimento dos negócios de impacto.
Mercados potenciais e inexplorados
Por representarem os problemas mais graves de muitos países, a educação, a saúde e a moradia são temas frequentes entre os empreendimentos de impacto. E também por serem setores que já têm mercado e mais possibilidades de arrecadarem recursos. Todavia, é importante ampliar os horizontes quando o assunto são negócios sociais. Segundo Menezes, existem problemas tão complexos e graves como a educação, mas que são pouco explorados. Os oceanos são um exemplo.
Tema do 14º objetivo da ODS, a conservação e uso sustentável dos oceanos e recursos marinhos é um campo gigantesco para o desenvolvimento de soluções inovadoras que possam não só ajudar a solucionar esse problema, mas transformá-lo em um mercado promissor. É um assunto que merece mais atenção de interessados em empreender ou investir, salienta André Menezes.
De acordo com ele, a partir do problema dos oceanos, é possível desenvolver soluções para um mercado inteiro. Ou ainda pensar em ampliar soluções que já existem em escala menor, e que têm potencial para crescer e gerar um impacto bem maior.
Engajamento pelo desejo
Não só as análises de tendências, mas o comportamento do público de hoje diz muito sobre a vida útil de empresas que continuam gerando impactos negativos na sociedade e no meio ambiente. O cancelamento – por parte dos consumidores e investidores – é real. Chegando a esse ponto, André Menezes chama atenção para o próximo desafio: como promover o engajamento entre as marcas não pela necessidade ou obrigação, mas pelo desejo?
O desejo do público é real. Agora é mudar a mentalidade e estratégia das empresas, sua gestão e governança, para que elas desejem mitigar impactos negativos, potencializar impactos positivos, gerar valor e lucro. “Como fazer isso é uma pergunta que nos fazemos todos os dias. Acredito muito que as empresas querem fazer, mas não sabem como. Muitas já criaram discursos de impacto fantásticos e agora têm o desafio de executar e realmente fazer.”
Para criar esse desejo por mudança é necessário também repensar certas lógicas ligadas à competição. As parcerias entre negócios sociais e empresas tradicionais são bons exemplos, o Hub Incríveis é um deles. “Focado em economia circular de embalagens, várias empresas, parceiros, pessoas se aproximam e participam. É uma troca importante, é aprendizado. Diferente da lógica da concorrência que quer esconder as soluções. Se criei uma solução que resolve um problema super complexo preciso escalar essa solução e fazer com que esse conhecimento chegue em mais pessoas e empresas e não privar o acesso criando patentes e contratos de sigilo. É preciso repensar como fazemos negócios. Precisamos construir uma visão de capitalismo mais justo e esse é o mercado de negócios de impacto.”